24.2.06

Não me leve a mal, hoje é Carnaval

Na semana passada tivemos uma reunião com um amigo que não víamos há tempos. Muito fino, muito chic, cheio das posses, ele. A Marcia perguntou onde ele ia passar o Carnaval e ele disse que ia prá Trancoso. Sabe, né? Trancoso virou o reduto-mor dos paulistanos endinheirados. Patrícias e Maurícios uni-vos, que Trancoso é a filial da Vila Olímpia com praia. Não, nada contra Trancoso. Já fui e é lindo. A Marcia disse: Ai, que vontade! Eu é que queria estar indo prá Trancoso!

Cumé qui é?

Eu: "Que mané Trancoso que nada! A gente tem ingressos pro Carnaval! Camarote!"
Ela: "Eu preferia ir prá Trancoso... Você não?"
Eu: "Não. Trancoso tá lá e não vai sair do lugar. Se fosse uma viagem pro Tahiti, quem sabe. Eu ia, talvez, pensar no assunto."
Ela: "Sério? Mesmo?"
Eu: "Ai, meu deus!"

Então essa é a diferença. E é por isso que eu queria muito que a minha amiga Cláudia estivesse aqui e pudesse ir comigo. Porque ela entende.

E eu vou contar um segredinho só para vocês: vou trabalhar hoje, não. Vou fazer meu pé e mão, tirar dinheiros do caixa eletrônico, comprar uma base nova que ninguém é de ferro. Ou porcelana, melhor dizendo. E voltar prá casa e almoçar e dormir. Se eu conseguir, claro. Dominar a ansiedade. Porque todos esses dias eu consegui manter meu coração na rédea curta mas, hoje, não sei se consigo mais segurar o galope.
E já chorei de manhã, assistindo ao jornal local. Só de ver os carros alegóricos lá, paradinhos. Não tenho cura, não. Porque se fosse daquelas moléstias tipo quando casar sara, eu já estaria sã faz tempo.

E a minha sábia avó, carnavalesca-mor, dizia: Uma mulher que se preze tem que ter duas sandálias de carnaval. Beeem altas mas, confortáveis. Uma dourada e uma prateada. Já tive. Não tenho mais. F*deu.

20.2.06

Segundo grau completo

Copy and paste da Chapeira:

Carta de um leitor publicada no Jornal Zero Hora/RS
"Não pude inscrever-me para o concurso público municipal de serviços gerais, pois não tinha segundo grau. Pergunto se é engraçado ou desgraçado o país em que se exige segundo grau para um varredor de rua e não se exige o primeiro grau para ser presidente."


Eu não tinha lido essa frase. Genial. E me lembro do primeiro concurso para lixeiros com essa exigência, onde milhentos candidatos se acotovelavam na fila de inscrição. E de como me aproveitei disso prá dizer ao Mateus:
"Viu, só? Por isso a gente tem que estudar. Agora, até prá ser lixeiro precisa estudar."
E dele ter me respondido na lata: "Prá ser jogador de futebol não precisa."

18.2.06

Sábado

E aí é sábado e você pede chinês. Pausa aqui. Você pede chinês porque foi trabalhar hoje de manhã e então não deu tempo de fazer o almoço como todo sábado. Liga no China Massas Caseiras (quem não conhece, devia) e pede porção de pastel frito, porção de lombinho de porco frito com cebolinha, carne com brócolis. E não tira a mesa do almoço porque é sábado e você tá com uma tremenda preguiça. O sono. Aí você dorme a tarde toda e acorda e fica assistindo as olimpíadas. E a mesa lá. E aí dá fome de novo. E você pega o lombinho e traz prá perto do computador com um copão de coca-light e fica comendo com a mão (não é bom chinês que já vem tudo picadinho?) e lendo blogs e escutando as olimpíadas. Paraíso. Sábado.

E as pessoas me dizem


que eu não tenho cara de quem gosta de carnaval. Sei. E prá gostar de carnaval precisa ter alguma cara específica? Tá. Eu sei o que eles estão querendo dizer. E pobres. Acham que estão me fazendo elogios. Querem dizer que eu tenho cara de "chic". Hum hum. Brigada. Mas esse negócio de carnaval não obedece muito a esses critérios, não senhor. Porque passa muito mais pelo coração e pelo útero, do que qualquer outra coisa. Em primeiro lugar, simplesmente não resisto a um tambor. É impossível. Deve ser em função dos meus negros ancestrais, porque a maior parte da família é assim. O samba tá no pé, na alma e no coração. Minha tia sempre diz que ela pode estar moribunda na cama que se o Olodum passar debaixo da janela dela, ela sai pulando atrás. Fora isso, tem a questão das fantasias. A possibilidade de se travestir de qualquer coisa, de escrava a rainha, e ainda por cima, liberar o grito, o ritmo, o sonho. A massa. A emoção de participar de uma celebração que chega a ser uma catarse. Se largar no meio das pessoas, ser uma pequena parte de um todo que pulsa no ritmo da bateria. Sinto muito quem não concorda, mas é a experiência mais Gaia que eu conheço. E prá terminar, é lindo. É uma expressão de arte, criatividade, cultura. A passarela do samba é isso mesmo. Uma passarela, onde não existem regras. Onde você pode, de verdade, criar. Porque não precisa ser comercial, não precisa ser fácil de produzir e de lavar à máquina, não precisa ser barato. Que são os limitantes do meu trabalho, todo santo dia. Sonho. Sonho. Sonho. O Zé vive dizendo que se eu tivesse nascido negra, num morro qualquer do Rio, eu seria mais feliz. Talvez, não sei. Mas com certeza, numa hora dessas, estaria dando os retoques finais em fantasias desenhadas por mim. E põe mais uma lantejoula, que é prá brilhar muito!

17.2.06

Uia


Tô aqui enrolando porque hoje é nosso rodízio e temos uma reunião fora. E lendo notícias na internet. O camarote feee-nér-ri-mo do Gianecchini foi cancelado. Aquele da propaganda, onde ele diz que vai ser o camarote mais bombado do carnaval (ai, jisuis - camarote bombado é f*da! Eita propagandinha ruim!). Diz no Terra que não pagaram o aluguel do espaço. Não devem é ter vendido ingresso, porque 3 mil dinheiros por pessoa, por noite, vou te dizer, é ridículo. Não teve trouxa suficiente. Ou gringos, sei lá. Esse povo deve ter tido o maior prejuízo do século. Graças a Momo, meus convitinhos são de outro camarote. E quem já pagou, hein?

E continuando no assunto obssessão, leio que nem a Gaviões nem a Mancha vão disputar o Carnaval. Vão desfilar, mas vão concorrer só uma com a outra. Isso porque a Gaviões entrou com recurso. Porque a Liga queria botar ambas num desfile separado no domingo. Vou te contar. Aí é que ia virar briga de torcida mesmo. E sem público, excetuando as torcidas. E sem transmissão de TV. Porque domingo tem carnaval no Rio, todo mundo sabe disso. O que é que eles querem? Acabar com o carnaval de São Paulo? Que engatinha mas já é um bebê forte, rosado e rechonchudo?
Olha, eu sei que esse assunto dá pano prá manga e além disso todo mundo sabe que eu sou corinthiana (que não liga muuuito prá futebol, mas carnaval é outro departamento), mas vá lá, o carnaval em São Paulo sem a Gaviões perde metade da graça. E tenho o dito.
Sou Gavião. Me abraça.

PS. O Zé é palmeirense. Já viu, né? Mas ele me ama. Me ama mes. Porque no ano passado me levou ao carnaval do segundo grupo, vestida de preto e branco, prá assistir à Gaviões.

Um carnaval em 1979

Minha mãe comprou uma fantasia de Cinderela. Amarela. Com saia de tule e coroa de lantejoulas e um collant todo bordado. Estou sentada nos degraus da varanda da casa da "fazenda". De olhos fechados. Ela está fazendo a maquiagem. Essa sensação não tem nome. Não dá prá definir. Estou imensamente feliz e ansiosa. De repente, escuto a orquestra. Laaaá longe. Lins é uma cidade pequena e a fazenda é dentro da cidade. Pã ran, pã ran, pã ran, pã ran, pã ran ran ran ran ran ran...
"Vamu, mãe, rápido. Já tá começando! Vamu logo!
E ela me manda ficar quieta e fechar os olhos para terminar a maquigem. Tento, mas é quase impossível. (rápidomãerápidomãerápidomãeporfavorporfavorporfavor).
Nesse dia eu sou feliz.
E o Carnaval está chegando.
E, desculpem, queridos, mas esse blog vai ficar monotemático, por um breve período.

16.2.06

Sono, muito sono ou Sleep deprivation

Quando a gente é pequeno a gente vai pro jardim da infância, certo? Certo. E depois pro primário e depois pro ginásio e depois pro colegial (já mudou tudo de nome mas esses nomes novos, não decorei não). Então vem o cursinho e a faculdade. E esse tempo todo a gente rezando prá acabar logo, prá um dia láaaa no futuro a gente poder acordar um pouquinho mais tarde. Não precisa muito. Só uma horinha a mais já seria o paraíso. Aí você tem filhos. E eles entram no jardim da infância e depois no primário e depois ... Bom você já captou a idéia. E a faculdade do Mateus tá ainda bem distante, sabe?
Ai, jisuis, essa escola ainda acaba me matando de sono!

E como a querida da Helê me botou lá no Dufas e disse que passa aqui todo dia, preciso tomar vergonha na cara e escrever alguma coisa de vez em quando.

E ontem tive que falar inglês profissionalmente. Oh my god! Meu inglês já foi muito bom. Mesmo. E ainda tinha a petulância de possuir um sotaque british, que se perdeu no tempo e no espaço, no buraco negro, sei lá. Para falar a verdade, é muito, muito difícil, você se vender e vender um projeto em inglês. Porque todos os seus argumentos, aquele discurso bonito que você leva na manga e a gracinha espirituosa no tom e na hora certa, você não tem. Não tem porque nunca precisou se vender em inglês, não tem prática. Porque bater papo em inglês, fine, I can do that. Mesmo estando enferrujada, sai. Mas parecer inteligente, competente e convencer uma diretora da Warner Bros for Latin America, that's another thing. Besides that, eu e a Marcia subimos no elevador com ela, sem saber que ela era ela. E ela presenciou uma leve discussão entre nós (coisinha normal entre sócias de longa data). E eu sinceramente espero que ela não fale nenhuma palavra de português. Apesar de tudo, acho que ela gostou do nosso trabalho, fez vários elogios, a começar pelo nosso cartão de visita - "that's very nice", she said, "I love black on black!" Yeah, me too.
Não sei se vai sair alguma coisa desse treco porque nós não somos exatamente o que eles estão procurando e isso eles já sabiam quando me ligaram para marcar essa conversa. Mas, como eles mesmo dizem, há que se fazer networking, né?
E só prá terminar: como se vestem mal, essas gringas! E o tamanho da unhas! Sinceramente não sei como elas conseguem realizar as tarefas mais simples do dia a dia com essas garras! Fico aqui imaginando como elas... Bom deixa prá lá.

13.2.06

No pain, no gain

Parece frase de pitboy marombeiro mas é verdade.
Estou aqui recém chegada da academia e me sentindo feito uma gelatina com ataque epilético, esperando meus ovos quentes ferverem.
E não estou falando só de musculação, não, onde aquele tijolinho a mais que você coloca no aparelho faz toda a diferença. Estou falando da vida. Porque tudo que vale a pena nessa vida demanda um certo esforço. Se você é uma pessoa que quer ir além da mediocridade.
Crescer dói. Amadurescer emocionalmente é uma das coisas mais doídas. Aprender também. Não há progresso sem aquele esforcinho extra.
Ô vida dura!

10.2.06

What you see isn't always what you get

Preciso me preparar. Não tem curso prá isso, mas devia. Uma mãe de um pré-adolescente não poderia prescindir de um mestrado em paciência chinesa e quem sabe, até um doutorado em auto controle Jedi.
Porque vou te contar. Um dia você tem um filho. Com qualidades e defeitos, claro. Como todos. Mas, ao menos, ele tem um temperamento que você conhece. Estável. Você sabe que ele é ativo. Ponto. Que ele não gosta de strogonoff. Ponto. Que não gosta de ir pro banho mas quando entra não quer mais sair e que acorda cedo.
Bom, você sabia. Porque de repente (e, gente, é de repente mesmo!) ele se transforma num melê de gremlim com incrível Hulk com chub chub (alguém assistiu esse curta de animação?).
Num minuto ele é aquela criança de sempre, agitada mas carinhosa, teimosa mas educada, corajosa mas dependente. E no outro, sei lá. Vira um monstrinho. Ou fica muito irritado ou os olhos enchem d'água por absolutamente nada. Basta dizer: meu filho, tem lição? Meu filho, já fez a lição? Filho, vamos! A lição! E pronto. O mundo desaba.
Ai ai, dai-me forças, mestre Yoda. Que o negócio vai longe.

6.2.06

Onze e meia

Eu devia estar exausta. Eu devia estar dormindo. Ou pelo menos procurando o meu sono. Hoje foi o primeiro dia de aula do Mateus (de pé às seis) e pela segunda vez recomecei a academia.

Estou aqui. Encalorada, tensa, esquisita.

Tenho estado assim desde que voltei das férias. Uma preguiça que normalmente não tenho. Uma falta de entusiasmo em relação ao trabalho que, realmente, não sou eu.

Vai ver o Personare estava certo e eu tenho que repensar algumas coisas na minha vida.

Ou então, como o resto do Brasil, só estou esperando o carnaval passar, prá poder começar o ano.

E tem um doido aqui na vizinhança (doido mesmo!) que de vez em quando, à noite, começa a gritar e a grunhir uma língua só dele. É de dar arrepios.

Problema de classe?

Eu chamo atenção. Não, não é bem isso que vocês estão pensando. Não sou nenhum monumento. Sou alta, só isso. Na verdade, nem tão alta assim, mas o suficiente para as pessoas virarem o pescoço na rua prá me olhar. Estou acostumada, já que tenho este tamanho desde os treze anos. E acho que em função disso, moldei o meu vestir. Esse vestir, como o de todo mundo, passa uma imagem.
Dia desses fui ao cartório reconhecer firma de uns papéis. Estava lá esperando quando entrou uma moça. Essa, também, chamava a atenção. Propositalmente. Fico pensando o que dá na cabeça das mulheres para sair pela rua vestidas desse jeito. Fazia um calor infernal e a pessoa usava botas salto agulha até o joelho e uma calça muito justa, mas muito, muito justa. E um cinto largo cheio de tachas e uma camiseta justinha cor de rosa e balançava os cabelos de lá prá cá. Descrevendo não sei se dá prá entender, vocês tinham que ter visto.
Olha, eu até gosto de sexy, mas aquilo era outra coisa. Era um deseperado: OLHEM PRÁ MIM!!
Eu também gosto de me sentir bonita, claro. Quem não gosta de olhares de admiração?
Talvez eu esteja sendo careta, mas acho que tudo tem hora e lugar. E não consigo evitar de me sentir um pouco diminuída como mulher, quando vejo esses seres, pertencentes ao meu gênero, trabalharem tão insistentemente na manutenção da condição da mulher como objeto.
Talvez eu esteja exagerando. Sei lá. Já falei um pouco disso no post Nem Luma de Oliveira nem Ruth Cardoso, tempos atrás. Tenho lá minhas dificuldades em usar minhas armas de mulher. Sempre acho que estou apelando.
Pensando bem, tenho que parar de ver isso como um problema de classe (classe aqui, significando as mulheres) e passar a ver, simplesmente, como uma questão de escolha.

2.2.06

Primeiro preciso pedir desculpas

Não tenho respondido meus e-mails, nem vindo aqui. Minha lista de links é uma vergonha! Tanta gente que eu leio e não está lá. Prometo consertar. Assim que der. Muito trabalho e, sinceramente, meu ritmo ainda está de férias.
Tenho andado me sentindo feito a Sra. Jockey Club, que já viu melhores dias. Preciso fazer umas compras. Sapatos novos, urgente. Porque a elegância de um ser humano depende do que ele calça. Jeans, pelamordedeus! E os meus cabelos? Quanta diferença! Acho que não vai dar mais para evitar - tinta neles! Que os cabelos brancos resolveram chegar de vez, todos juntos, de repente, agora. ODEIO pintar cabelos! Fico vendo vocês aí, trocarem de cores, feito quem troca de roupa e não consigo entender onde acham saco. Mas não tá dando prá arrancar mais não, que já já fico careca.
Então, preciso dar um jeito nimim-mesma. Que esse negócio de ser a tia véia dos blogs, né fácil, não! Não é, Ju e Amber?
E, Suzana, senti muito a sua falta!
E preciso escrever sobre um assunto que não me sai da cabeça. Pessoas maravilhosas e generosas e cousa e tal, mas não acho tempo prá botar as idéias em ordem. Mas sai. quem sabe no fim de semana?