12.9.05

O dom da ilusão

Encontro uma conhecida que não via há uns quinze dias. Ela me diz que vai sair mais cedo hoje e vai prá balada porque a fila anda (palavras dela). Então olha prá mim e sorri. Um sorriso pintado no rosto, feito o Coringa. Meu coração fica apertado.
No nosso último encontro, ela estava apaixonada. Sorria, sem perceber, lá com os pensamentos dela. Era toda sorrisos.
Pergunto: "Você terminou com o seu namorado?"
Ela diz que sim, mas que não tem problema, porque a fila anda (de novo essa frase péssima) e me dirige "o sorriso".
Diz que ficou triste por um dia (?), mas que agora já está tudo bem.
Finjo que acredito.
"Estou melhor sem ele"
Nisso, eu talvez acredite. Embora ela só esteja dizendo da boca prá fora.
Talvez ela tenha ido prá casa chorar e essa "cara feliz" seja só para uso externo. Não sei.
Sei que a dor tá lá e mais cedo ou mais tarde ela vai ter que viver essa tristeza.
Só espero que ela não resolva cortar ou pintar o cabelo esses dias. Porque a gente faz isso, não faz? Tenta construir por fora o bem estar para poder mostrar para o mundo: "Olha como eu estou bonita, estou ótima!"
Humm humm. Sei.
Será que temos vergonha de estar tristes, de mostrar fragilidade? Ou precisamos mesmo acreditar que não tem importância até a dor diminuir a ponto de ser tolerável?

3 comentários:

Anônimo disse...

Comentário rápido...
Huummm, huummm, me parece mais um caso de viúva daquela série super bem sacada, humorada e parcial da cena noviorquina. Não se chamava Life and the City! As mulheres estão gozando no Poder e não mais no poder com Ph.

Momento Descontrol disse...

Eu acho que pode ser também pra gente se convencer que vai melhorar, pra se distrair enquanto a dor não passa. Não sei no caso da sua amiga, no meu eu acho que é um pouco por isso. Mas assino embaixo no quesito não mexer no cabelo enquanto estiver sofrendo. Sou a prova viva de que dá errado, muito errado!!

Anônimo disse...

Não esqueça do Botox !!!!!