24.6.09

Flores (algumas considerações)

Eu já disse isso antes. Não estou muito acostumada a ser bajulada, não. Ou bem tratada, vá lá. O Zé não era de muitos salamaleques, vocês já sabem. Romantismo zero. Na verdade, me deu flores umas três ou quatro vezes em vinte anos. Sendo que a primeira foi quando o Mateus nasceu e todas as outras, no dia das mães. Flores para a mãe, portanto.

E vamos ao caso em questão. É claro que eu não estou reclamando. Não é isso. Adoro flores.

O problema é o constrangimento. Estava conversando ontem, com o meu melhor amigo. Que está/estava saindo com uma pessoa nova (uma certa dificuldade aqui, de encerrar essa relação. Conheço alguém parecido)). Ele adora presentear com flores. Mas ele disse que não. Não, não, não. Três dias depois de conhecer a pessoa? OK, tudo bem, até passa. Pode ser galante, delicado, o cara pode estar, literalmente, fazendo a corte. Mesmo que ainda não tenha rolado nem mesmo um beijo. Mas no dia dos namorados? Cons-tran-ge-dor.

Ai que chata, vocês vão dizer. E tem regra? Onde fica a impulsividade? Mas gente, juro. A sensação que eu tive é de que servia qualquer uma. Sem me menosprezar, claro. Devo ter preenchido uma lista de qualidades, que ele deve ter lá, na cabeça dele. Bonitinha? Check. Inteligente? Check. Bem-educada? Check. Mais ou menos isso.
Não é que eu não acredite em paixão à primeira vista (ou tesão). Mas não houve. Juro que não houve. O problema foi justamente esse.

E meu amigo me conta que também ganhou da tal menina (não no dia 12), umas camisas super sofisticadas e que isso o constrangeu. Muito. Porque, né? Como é que se recusa um presente? Não se recusa.
Mas as pessoas podiam maneirar nas demonstrações de apreço viradas em presentes caros, logo assim, no início. Acho até falta de educação. Sério. Cria a obrigatoriedade de agradecer (mamãe me ensinou isso, né?). De ser delicada. De sorrir muito. De responder a contento.
OK. OK. Eu sou co-dependente. Desagradar é extremamente complicado para mim. Mas mesmo assim, é complicado. Mesmo que você seja pós-graduado em dizer não.

Quer agradar? Uma bobagem qualquer é suficiente. Um bilhetinho escondido para você encontrar, uma música especial mandada por e-mail, uma mensagem apimentadinha no celular. Tá de bom tamanho, não tá?

Como é que você vai falar para a pessoa andar, depois de um bouquet desses?


PS. Só para constar, tomei café com ele depois das flores. Fui educada, não encorajei. Ele não me ligou mais. Talvez nenhuma atitude drástica seja necessária. E meu amigo, continua torcendo para a menina não ligar mais também. Acha que já disse o suficiente, sem ter que ser obrigado a dizer com todas as letras. Mas tem gente que não lê nas entrelinhas. Ou finge que não vê, né?

23.6.09

Ou como dizia meu Tio Luis: Mãe, tenha distância.

E chega um tempo em que você acha que acabou. Que o seu filho cresceu e não quer mais saber de você por perto, a não ser para pagar contas. Aí, uma certa noite, vocês se apertam lado a lado na cadeirona da sala de tv, cobertor e tal. E assistem uma série com um capítulo que, coincidentemente mostra mães. Mães que são mais filhas, mind you. Mães completamente useless. E seu filho, que já está bem maior que você, deita no seu ombro e diz que te ama. E que bom, mãe, que você está trabalhando em casa agora, a gente vai comer comida gostosa todo dia.
Acho que não acabou, não. Que bom.

22.6.09

Ecletismo religioso?

Eu sei que parece que eu só faço isso na minha vida. Travar contato com seres humanos do sexo masculino. Mas não é, não. É o que eu conto aqui porque é o que é divertido, né? Um pouco, pelo menos. De qualquer forma, apesar de parecer, não tive nenhuma interação verdadeiramente interativa com esses seres em dois meses. A caminho da beatificação.
Mas essa eu tenho tenho tenho que contar, porque né? De novo, só comigo.

Pessoa me manda e-mail (negocinho da internétis, claro). Conversamos muito pelo eme-esse-ene. Toda uma identificação. Crescemos a quatro quadras um do outro, frequentamos todos os mesmos lugares na infância e na adolescência. Rimos, rimos, rimos (huahuahuahua, claro). Nada ao vivo. Não sei como nunca nos encontramos naquela época. Deve ser a diferença de quatro anos na nossa idade, que significam décadas quando temos 13 ou 14 anos. Pessoa é judia. Ok, nenhum problema. Sempre tive muitos amigos judeus, muitos mesmo. Duas melhores amigas, inclusive.

E a pessoa não quer me encontrar para um café nunca. Diz que está apaixonado e que tem medo da rejeição (certo, a loucura começa aqui). Além de pedir para eu dizer (escrever) que o amo, todo santo dia. Diz ele que a palavra escrita tem poder e que se eu escrever suficientes vezes, se torna verdade. Ã-hã. Mas não é isso que eu vim contar, não. Na sexta, shabat, ele diz que vai à sinagoga (como sempre, aliás). E que vai perguntar para o rabino.

O que é que você vai perguntar para o rabino, pelamor?

Vou dizer que eu gosto de você e que você não é judia.

Ai, ai. Só comigo, só comigo, sóoooo comigo. Dizem que tá na novela, né? Não sei. Não assisto. Esta é a minha vida. Roteiro de novela. Blah.

14.6.09

Cinderela?

Fato inédito. Ontem, aniversário de amigo. Casa noturna com música ao vivo de excelente qualidade. Delícia mesmo. Dance, dance, dance. Saltos. De vez em quando, acho que eu devia estar fazendo uma cara de dor, ou dando uma de garça, sei lá. Porque um ser humano viu, ajoelhou no chão, pegou meu pé, tirou meu sapato e juro: fez massagem. Sempre há uma primeira vez para tudo nessa vida.

E hoje começa meu inferno astral. Exatos trinta dias para o meu aniversário. Ai.

Ahhh, esqueci de contar. Fui jantar na terça com um dos seres humanos que me pediu em namoro, rs. Nada, nada, aconteceu. Conversa civilizada, comida e vinho excelentes e foi só.
Pois então. Sexta-feira, dia dos namorados. Toca o interfone. Dona Daniela, tem uma coisa aqui para a senhora. Hum, Tá. Peraí. Tô descendo. Deve ser talão de cheque, né?

Não era, não. Um bouquet. Grande. Rosas vermelhas colombianas. Ai, ai. Num tô dizendo que esse povo é doido, minha gente? E se um homem que você nunca viu antes, lhe oferecer flores, isso é.... (preencham como quiserem)

8.6.09

Mudança

Estamos saindo do escritório. Vamos trabalhar em casa por enquanto, nesse tempo de vacas magras. Triste? Não mais. Que é uma pena, é. É, sim. O escritório todo bonitinho, super bem localizado. A reforma toda caprichada que a gente fez, três anos atrás. Fazer o quê, né?
Só mesmo abrir espaço para o que virá.

Mais uma dose


E nada do sensível educado. Totally missing. Ai, ai. Será que eu deveria ter ido ao futebol, hein?

Enquanto isso, na sala de justiça, aparece outro educado. Nem tão sensível. Também preenche os requisitos mas... sei lá, não me empolga tanto, não. God knows why. Ainda estamos na fase do nunca te vi, sempre te amei. Mas esse negócio de fazer esforço, não sei. Deveria ser mais simples, não? É como eu sempre digo: essa coisa de dizer isso é bom prá mim, vai me fazer bem, etcetera e tal, não consigo concordar muito, não. Não é remédio, né? Nem vitamina.
Tampa o nariz e engole aí, Daniela. Suuuper bom para você.

Sei.

5.6.09

Do lado de cá da cerca

Vocês sabem. Eu fui casada dezoito anos, mais dois de namoro, são vinte. Vinte anos sendo metade de um casal. Que era isso que eu achava mesmo, toda uma ilusão romântica a que somos sujeitos desde a infância. Na riqueza, ou na pobreza. Na saúde ou na doença. Eu acreditava mesmo nisso. Casamento para mim, era coisa séria. É ainda.
Mas.

As pessoas dizem que eu sou uma mulher bonita. Sei lá. Não pensava muito nisso, não. O Zé não era dado à muitos elogios. O desejo estava nos olhos dele e me bastava. E não vamos aqui conversar de auto-estima porque, né? Assuntinho longo e muitíssimo explorado.

Não quero desiludir vocês, crianças mas, olha, homem é um negócio complicadinho.
Estamos falando de fidelidade aqui. Difícil, hein?
Porque estando do lado de cá da cerca e não tendo mais um marido segurança, do meu lado 24 horas/dia, eles vêm (ó, sorry, não consigo abandonar estes acentos, não). Os casados, namorando, comprometidos de várias formas.

E, se por um lado parece engraçado e lisonjeiro, por outro, desânimo profundo e arrasador. Porque, amigos, por mais moderna que seja a relação que eu pretenda estabelecer, duas casas, um pouco mais de indepêndencia, amigos em comum e amigos em separado, venho aqui e vos digo: Ô bicho inquieto, esse bicho homem!

E aí eu fico pensando em como administrar esse conhecimento. Porque tapar os olhos é uma coisa que eu não faço mais, seja qual for a realidade que eu precise encarar.
Tem aquele texto que rodou a net, dizendo que não há mesmo, fidelidade masculina. Ou melhor, há. Mas que se estabelece sobre outros padrões. Que uma coisa não tem nada a ver com outra, aquele papo que a gente também escuta desde a tenra infância. E tudo isso porque ontem, recebi um e-mail de um cara casado, lá no negocinho da internétis. Não é o primeiro. Nem o segundo. Nem o terceiro. Nunca respondo. Mas ontem, eu mostrei para a minha sócia, melhor amiga, praticamente irmã. E vi a indignação nos olhos dela. A dor, mesmo. Porque ela está casada, né? E diante dela, eu virei " a outra". A outra encarnada, personalizada em mim, a outra mitológica. A amante, a que está lá, sempre disposta e cheirosa e risonha (será que existe, hein? essa mulher?)

E, olha, devo admitir que é verdade. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Não tinha tido muito tempo, na minha vida pregressa, de testar essas possibilidades. Sexo amigável, livre de expectativas, sem ser usado como moeda de troca, sem pretensões românticas. E é absolutamente possível. E pode ser muito agradável. Mas mesmo assim, ainda acho que estamos em estações diferentes, homens e mulheres.

Ou como disse meu amigo (aquele do post da Virada Cultural), ontem no eme-esse-ene: homem é pornográfico. E terminou dizendo que vai procurar um psicólogo e acabar com essa vida de putaria. Mas antes (palavras dele), bem que a gente podia sair mais uma vez, né?

Crianças, desisto.

3.6.09

E duas

pessoas me pediram em namoro ontem. A clássica frase mesmo: Quer namorar comigo? (assim, uns 25 anos que eu não escutava isso) Não é bonitinho, não. É hilário. Porque eu não conheço pessoalmente nenhuma das duas. E era brincadeira mas não era tão brincadeira, não, viu? Medo. Lisonjeiro? Sim. Mas, né? Reforça aquela impressão do dia da tal da casa noturna. Solidão, hein?

E nenhum deles era o sensível, educado. Que me convidou para ir vê-lo jogar futebol na segunda. Fui? Claro que não. Veeery lame first date! Aimeudeus, homens... Vamos, querida, você fica lá sentada, sozinha, nesse frio do inferno, enquanto eu e mais um monte de marmanjos corremos atrás de uma bola. Hã-rã. OK. Combinadíssimo.

2.6.09

Incrível

como tem homens que mexem com a gente. Sei lá o que é, não sei explicar. Deve ser darwiniana a explicação, porque às vezes não tem outra. Racional, não tem, pelo menos. Antes do fim de semana passado, eu estava bem quieta no meu canto e decidida, decidida mesmo, a parar de gracinhas e encontrar um cara legal (rá, se adiantasse decidir, tudo bem). Então, certas características deveriam estar presentes, condições sine-qua-non. Inteligência, senso de humor, idade adequada, independência, posse do próprio lar, um ser humano que já tivesse sido casado e tido filhos. Porque, né? Esse capítulo, eu já dei por encerrado.

E andava conversando com um ser humano todo fofo, sensível, educado, que perguntou qual o meu signo, inclusive (não sei bem o que significa isso, mas...). Animada, até. Porque ele preenchia as qualidades da lista. Aí, pronto. Aí, F*deu. Porque NY não pergunta nada disso, as perguntas dele são bem outras. E em dois segundos, abandonadas estão, todas as decisões. Alguém me explica isso, por favor? Aí ele diz que vem e eu perco o telefone e tudo aquilo que vocês já sabem. Se bem que, né? Não sei nem se ele me procurou, que essa pessoa não é a mais confiável do planeta. Não é nem um pouquinho confiável, aliás.

Frustração com F maiúsculo.

Certo, crianças. Respira bem fundo, Daniela. Conta até 1.000.000, se necessário. Calma, muita calma nessa hora. Retomar decisões equilibradas. Um, dois, três e já!