30.4.07

Notícias do front

No momento me recupero de uma viagem à Manaus (sexta, sábado e domingo, chegando em São Paulo e encontrando o frio às seis da manhã de segunda).
Cansada mas feliz com os resultados do trabalho que vai muito bem, obrigada (eu devia mesmo ter cobrado mais caro). Ainda restam quatro meses mas o cara disse que quer ampliar o projeto e estender o tempo da consultoria e disse que num larga mais di nóis, jeinenhum.
Entonces, who knows, tentemos aumentar o preço e oremos.

E aproveito para agradecer o carinho. Vocês podem pensar que é coisa pouca, que umas palavrinhas não mudam nada, que não faz diferença. Mas faz.

25.4.07

Post chato mas necessário

Saiu uma reportagem na Épo*ca dessa semana (Como os Médicos pensam) sobre diagnóstico e as dificuldades dos médicos em relação à isso. Depois do que aconteceu com o meu pai, não posso deixar de falar alguma coisa. Porque se ajudar uma única pessoa, já valeu.

Meu pai morreu de enfarto. Foi um enfarto silencioso (o médico chamou assim). Ele passou uns quatro ou cinco dias se sentindo mal, meio esquisito. Com dor nas costas e um mal estar de estômago. Achou que era uma virose qualquer. Como não passava, no terceiro dia foi ao hospital (em São Paulo). Falou para a médica, inclusive, que achava que estava enfartando. Fez o eletrocardiograma, não deu nada (normalmente não dá nada - só aparece alguma coisa se a pessoa tiver alterações cadíacas naquele exato momento). Saiu do hospital com uma receita de relaxante muscular e remédio para enjôo.

Viemos a saber depois que existe um exame específico, que mede umas tais enzimas e que esse é o único exame que poderia ter detectado o enfarto.
Quando, finalmente, um outro médico, de outro hospital (um reles posto de saúde, sem recurso nenhum, na praia de Boiçucanga), mais atento e cuidadoso desconfiou que talvez ele estivesse enfartando e o mandou para uma UTI, o coração dele já havia perdido sessenta por cento da capacidade e ele não resistiu.

Claro que se ele fosse uma pessoa que fizesse check-ups regulares (esteira e eco), teríamos sabido antes que as coisas não estavam bem. Mas ele não era. Detestava médicos, não gostava de dar trabalho e minimizava o próprio desconforto em qualquer situação. Mas esse tipo de atitude é muito comum, muita gente é assim (eu, incluída).

O que eu estou tentando dizer aqui é que os sintomas desse tipo de enfarto são difusos e difíceis de diagnosticar. Mas existem. Só a própria pessoa pode saber o que ela está sentindo e dor de estômago, dor nas costas, suor excessivo, são alguns dos sintomas. Que passariam batido para a grande maioria das pessoas.

No caso relatado na revista, o paciente era jovem, atleta, não apresentava nenhum dos sintomas clássicos, somente uma dor esquisita que parecia muscular.
Foram feitos todos os exames, inclusive o das enzimas cardíacas. Nada. O enfarto ainda estava no começo e as enzimas ainda não apareciam. Na manhã seguinte, o cara deu entrada no hospital com enfarto agudo do miocárdio. O médico diz se arrepender de não ter segurado o paciente no hospital e refeito os exames algumas horas depois, já que ele liberou o fulano, sem diagnóstico.

Mas vejam, o cara foi para o hospital. Porque, apesar de estar acostumado com dores musculares, aquela dor, para ele, não era normal.
E é isso que interessa. Só a gente mesmo sabe se o que estamos sentindo é normal, para nós. Meu pai sabia o que estava sentindo e disse para a médica que estava estava tendo um enfarto.

Temos que insistir com os médicos. Para que eles façam todos os exames possíveis. Eles não são deuses.

E, claro, fazer check-ups regulares.

Não, eu não estou naquela viagem do que poderíamos ter feito, porque sei que não adianta nada.
Eu estou aqui, escrevendo tudo isso, justamente pelo contrário, pelo que ainda pode ser feito.

23.4.07

É pau, é pedra

"Mãe, no seu IPod, tem uma música mó legal."
"Que música?"
"É de uma dupla, mãe, tem outra música deles lá, Retrato em Branco e Preto."
"Tom e Elis? Águas de Março?"
"É, acho que é isso mesmo, mó da hora essa música, mãe. A moça vai falando umas coisas sem nexo, muito engraçado."
"Filho, essa música é um clássico da música brasileira."
"É? Ahhhh. Eles eram casados?"
"Não, filho. Eles não eram uma dupla. Só cantavam juntos de vez em quando."
"Eles já morreram?"
"Já."
"Os dois?"
"Os dois."
"Que pena, né, mãe? Porque quando eles cantam juntos, fica mó bonito."

19.4.07

Procura-se

Estamos precisando de uma pessoa para ser representante da Babydoll em São Paulo.
Tem que gostar de moda.
Tem que ter carro.
Não pode precisar de dinheiro imediatamente porque, acredito, vai levar um tempinho para formar a carteira de clientes. Mas a comissão é boa e o produto é ótimo.
Conhecem alguém?

15.4.07

Pregnant? No no no no

No Gilmore Girls dessa semana a Lane estava vestindo uma blusa da Za*ra que eu comprei e ainda não usei.
Detalhe: a Lane tá grávida de gêmeos e com uma barriga que transcende qualquer outra barriga grávida fake já exibida em toda a história da televisão mundial.
Acho que vou transformar em camisola, sabe.
Boa idéia?

12.4.07

Só a Fal poderá me salvar

Meu trabalho implica em assistir às novelas. Pelo menos vez ou outra. Para poder ver as roupas dos personagens, porque roupa de novela vende. Nem sempre. Nem todos. Mas. Não há regras nesse mundo de meudeus, que bom seria se houvesse, feito um jogo de tabuleiro da Gr*OW.

E novela nova, vamos lá, força irmão, você vai conseguir.
Não consigo. Chato demais. No único capítulo que eu aguentei dez minutos, parece que todo mundo tava voltando do raio de uma festa e usava longo.

Fal, querida, como serviço de utilidade pública, você bem que poderia analisar o figurino do povo.
A fã, aqui, seria eternamente agradecida.

10.4.07

Hoje sou folha morta

Sem vontade nenhuma. De fazer nada. É como se o ar estivesse denso, cortável à faca. E tudo o que eu vou fazer demanda um esforço sobrehumano. Respirar, inclusive.
Essa atmosfera sólida também prejudica a minha audição. Sério. Não tenho escutado direito. É como se eu estivesse dentro de uma bolha. E fico dizendo: hã? prás pessoas e elas me olham como se eu fosse idiota e não, surda.
Mas navegar é preciso, então toco o barco.
E finjo que estou lá, quando, na verdade, não estou.

3.4.07

Obrigada, pai

Meu pai morreu na última quarta-feira pela manhã. Eu queria dizer aqui, alguma coisa linda, que conseguisse traduzir pelo menos um pouco, tudo que ele significou para mim, mas não é fácil.

Vocês sabem que eu tenho dois pais. E esse pai a que me refiro, é aquele que se casou com a minha mãe quando eu tinha onze anos. Aquele que me deu praticamente todos os livros que eu li na adolescência, que me buscou de madrugada nas festinhas, que me consolou quando eu chorei, que me deixava, no forno, um pratinho pronto, para quando eu chegasse à noite, da faculdade.

Que trouxe para esta família, equilíbrio, inteligência, bom senso, um tremendo bom humor, muito amor e principalmente uma lição de generosidade, daqueles que, de verdade, vivem para servir.

Eu, realmente, não sei quem eu seria se ele não tivesse existido. Participado das nossas vidas. Estado sempre lá, em qualquer circunstância, para todos nós.

E a falta que ele vai me fazer não tem medida. E a tristeza que eu sinto, também não.

Eu sei que ele não gostaria que sofrêssemos mas, olha, é impossível.