16.11.05

Em busca da bolsa perfeita - 27.07.05


Faz tempo que venho procurando uma bolsa nova, meses...
Não sei vocês, mas desenvolvo casos de amor com as minhas bolsas, que duram mais ou menos um ano. Quando encontro alguma que eu gosto e que se encaixa perfeitamente comigo e aquele meu momento, eu me apaixono. E me acho o máximo com aquela bolsa nova. Engraçado isso, logo no começo eu não preciso de mais nada - basta a minha bolsa nova e eu posso até sair pelada na rua que eu me sinto perfeita.
Depois de um tempo, o efeito bolsa-nova passa, eu me acostumo com ela e somos apenas isso: eu e a minha bolsa legal. Mais um tempo e preciso desesperadamente de uma bolsa nova.
Como andei pensando neste assunto, me lembrei de um micro-conto da Marina Colasanti que eu adoro:

Tentando se segurar numa alça lilás

Entrou no elevador.
A um canto, outra mulher segurava firme debaixo do braço uma enorme bolsa de couro lilás.
"Que ousadia, uma bolsa lilás - sorriu ela.
"Acabei de dizer a um homem que o amo - respondeu a outra. "Então entrei numa loja e, entre todas, escolhi essa bolsa. Eu precisava sentir nas mãos a minha audácia.
Não sorriu. Agarrou-se náufraga na alça.

Me pergunto então, se talvez eu tivesse guardado minhas antigas bolsas, eu poderia, através delas, recontar toda a minha história (em um momento, ousada, noutro refinada, querendo desaparecer na multidão ou ser o centro das atenções).
E também que tendo procurado por algum tempo, sem encontrar, a minha nova paixão, se sei, ao certo, o que ando com vontade de declarar para o mundo.

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