20.12.05

Questã existenciarrr

Toda vez que eu venho prá cá é a mesma coisa. Passam dois ou três dias e me pego a pensar o que raios estou fazendo da minha vida. Que porra de vida é essa que eu levo e etcetera e tal. A beleza desse lugar me provoca isso. E me dou conta de como sinto falta de mar, de sol, de tranquilidade. E vejo, com meus próprios olhinhos, meu filho correr pela praia, corado de sol, molhado de mar, feliz da vidinha dele, carregando uma prancha.
E vale a pena trabalhar tanto, e ganhar dinheiros, e morar em apartamento mesmo sendo na melhor localização do planeta, e ter tanta responsabilidade, e talecoisa e coisaetal.
Depois eu me lembro que já saí fora uma vez. Não prá praia, mas pros interiores. E morei numa chácara. E pintei muito. E fiz tortas de morango. E jardinagem. E estava ficando absolutamente ensandecida com a falta do que fazer e com a mediocridade das pessoas, não necessariamente nessa ordem.
E que lá não tinha nem uma livraria sequer. Muitas árvores, nenhum livro. Muito sol, nenhum cinema. Muita paz, ninguém que tivesse lido mais do que o Pequeno Príncipe.
E que quando eu finalmente decidi voltar prá São Paulo, não parava de suspirar de puro êxtase. E que quando voltei a trabalhar estava feito pinto no lixo, contenta da minha vidinha. E principalmente que, sou feliz assim, rodeada dos meus amigos. Que pensam.
Pois então. Serumano quer ter tudo. Quer. Quer. Quer. Quer.
Ser humano quer ter dinheiros prá poder passear mais e continuar morando lá, no centro do universo. E quem sabe uma casinha de vila, lá mesmo onde eu moro (para isso será necessária a Megasena, bem entendido).
Acabo de me lembrar também que quando voltei, cheguei a uma sábia conclusão. Lembro de dizer para mim mesma: TODA a natureza que eu preciso está contida no Parque do Ibirapuera. Preciso repetir isso mais vezes para voltar a me convencer que aquela cidade sem horizontes é o meu lar. Que eu amo. Amo. Amo.
Pensando bem, o Rio de Janeiro existe e supostamente deveria unir o melhor de todos os mundos. Pena que lá anda meio difícil, né? Helê, que tal? Meu filho, que nasceu com alma de surfista anfíbio (não sei daonde, jurpordeus, mas nasceu) ia agradecer. Quem sabe?

....................................................

E continuo acordando cedo. O ser humano é mesmo uma criatura de hábitos.
E a praia de ontem estava, por falta de palavra melhor, ESPETACULAR.
Linda, vazia, céu de brigadeiro. E estamos torrados. Literalmente. Com protetor 30 e tudo.

....................................................

E minha irmã reclama e pede uma errata. Diz que daqui não se enxerga o Morro da Lagoa. Que é o Morro da Pedrita. Eu digo que sei, sim senhora, que não sou burra, mas é que fica mais inteligível assim, que ninguém sabe onde é o Morro da Pedrita e que os morros são todos grudados mesmo, que é liberdade literária e coisa e tal. Não tem jeito. Ela diz que vão pensar que ela mora no centrinho da Lagoa (ó, que horror!). Então corrijo.
Daqui se vê o morro da Pedrita e ela mora bem no finalzinho da Joaquina, começo do Campeche. Rio Tavares, para ser mais precisa. Tá bom assim, Isabelinha?

4 comentários:

Anônimo disse...

Ó gurua, ainda não atingi esse estágio elevado do pensamento das cousas mas hei de conseguir, guria! É só me deixarem parar por aqui! Mas me aguardem prá daqui a uma(inda longíngua) semana! Mas gostei também das letrinhas de férias :-) Beijos pro cês, divirtam-se!

Anônimo disse...

Mas peraí, natureza isolada é uma coisa, natureza (com mar, ainda por cima !!) plugada em banda larga é ooooooutra coisa muito diferente... será que assim não compensa ? ;o)

Anônimo disse...

Pois é, antes de chegar ao fim eu já pensava :"Bom, mas ela podia vir pro Rio..." Mas eu sou tão imparcial quanto, seiláeu, uma mãe italiana. Eu amo essa cidade - e olha que eu sou suburbana de nascença, e até hoje não desfruto diariamente de certos prazeres como a praia, Dani. E acho que está difícil aqui sim, muito, mas ainda acho que a parte ruim é semelhante em qualquer grande cidade, já a parte boa... só o Rio tem. Mas eu sou mais que suspeita pra falar, eu sou mesmo culpada, eu sou apaixonada por essa cidade - ou, como disse o Caetano, "essa cidade me atravessa".
Beijo e aproveite suas ferias - você merece!
PS: Fiquei feliz com a citação no post.

Anônimo disse...

Ai, já deu pra perceber que hoje to prolixa (isso se aplica à escrita???) e lendo todos os (muitos) textos que eu ainda não tinha lido.
Prainha no final de semana é bom? Ééééé... A visão da Lagoa não tem preço? Nãããããão... Ensaio do Salgueiro é tudibão? Pôxa...
Mas eu, a "níver de" paulistana, "enquanto" moradora do Rio, posso te dizer que a gente precisa dela e sente uma saudade lascada dessa cidadezinha sem horizontes...