No curso que eu fiz, semestre passado, teve uma aula com um mega empresário nordestino. A aula era sobre logística e distribuição, um assunto que não me interessa em absolutamente nada, mas o cara era fenomenal. Lá pelas tantas, ele contou que tinha montado um outro negócio por um tempo e até fez sucesso mas só fazia "comer" dinheiro e no frigir dos ovos, atrapalhava o negócio principal. Depois de insistir por cinco anos, por pura vaidade, resolveu desistir.
Ele disse: Negócio é prá ganhar dinheiro. Para alimentar a vaidade a gente faz outras coisas.
Essa frase não me saiu mais da cabeça. Porque o meu trabalho é a fogueira das vaidades, né? Difícil evitar.
Então o cliente chama, diz que admira muito seu trabalho (nosso; meu e de Marcia, a sócia), que só confia em você para esse projeto (crucial essa frase, hein? Manipulação total) e patati patatá e te propõe uma coisa nova e desafiadora e você gosta de coisas novas e desafiadoras (eita que mexe com o ego, isso) mas você examina, examina, e não vê de onde vai sair dinheiro suficiente para pagar a puta trabalheira que isso vai dar e o tempo que vai consumir. E além do mais, nosso nome não vai aparecer, como sempre, então, nem prestígio profissional a coisa vai trazer (só para a meia dúzia de pessoas que saberão que o trabalho é nosso).
Em outros tempos, eu aceitaria. Pelo desafio, por orgulho profissional, pela vontade de agradar (e, claro, continuar sendo admirada e querida), pela remota possibilidade de vir a dar dinheiro no futuro, quando, se, etecetera e tals.
Pois então. Não declinamos de todo, não. Apenas dissemos que não vamos fazer o trabalho no risco, que os volumes (de produção) são muito pequenos para conseguirmos ganhar o suficiente apenas com comissão sobre as vendas (formato proposto) e que se ela quer tanto assim o trabalho, ela vai ter que PAGAR. O que ele vale. AGORA.
Eles que corram o risco, ué! Que nós podemos fazer o treco, levantar a bola da marca e ser sumariamente chutadas quando o negócio começar a dar dinheiro, como já aconteceu conosco váaaarias vezes.
Olha, que orgulho, viu? De conseguir ser assertiva assim. A gente cai, cai, cai de novo, mas uma hora tem que aprender. A largar de ser insegura, a praise-sucker being, que elogios são bons mas a forma correta do cliente te recompensar pelo trabalho é pa-gan-do. Porque a relação é essa: fornecedor - cliente. Capitalismo. Ponto.
E sabe que o cliente não desistiu? Temos mais uma reunião na terça, vamos apresentar o projeto e os custos. E se der certo, vamos nos divertir trabalhando, vai ser um desafio e um prazer, e (natural way of business life), seremos pagas por ele.
E senão der, sinceramente, ao invés de trabalhar quase de graça, prefiro ir ao cinema.
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Um comentário:
Aprender a cobrar eh uma das coisas mais dificeis num negocio... so perde mesmo para aprender a dizer nao... bjs
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