17.12.10

Só um desabafo de quem não é CLT

Eu nunca falo de política ou qualquer assunto desse tipo mas tem dias que... sinceramente... não dá.
Eu estou começando um projeto com uma fábrica que produz confecção para marcas de terceiros.
Estou desenvolvendo produtos para uma marca e vou receber da fábrica, uma comissão sobre o que for vendido.
Olha... a gente aperta daqui, aperta dali, faz o preço, coloca as margens da fábrica e as nossas (que são menores do que a gente pretendia e deveria receber) e quando colocamos os impostos... bem... os impostos são maiores do que o lucro da fábrica e a nossa remuneração somados. E o preço vai lá em cima e fica realmente difícil de negociar.

Então, sorry pelos idealistas, mas ser empresário nesse país, com essas leis trabalhistas e com essa carga tributária é ser um herói.
E apoiar um governo estatizante, que infla a máquina e aumenta cada vez mais os impostos para sustentá-la... sinto muito, não dá.
No meu segmento, o que acontece é que cada vez mais a produção sai do Brasil e se desloca para outros países. E é um segmento que poderia dar muitos empregos. Confecção é o segundo empregador depois da construção civil.

Conversei ontem com um amigo, empresário, para quem trabalhei durante dois anos. Uma das pessoas mais corretas e honestas que eu conheço. Tinha uma fábrica com 250 funcionários. Pagava todos os impostos, todo mundo registrado, funcionários respeitados. Uma beleza, mesmo. Há três anos ele fechou a fábrica e botou o dinheiro dele todo no banco. Diz que não se arrepende nem por um minuto porque esse é um país onde não dá para trabalhar. Não dá para produzir. E essa era um pessoa que acordava todo dias 5 da manhã e ia para a fábrica feliz.

Um outro, meu melhor amigo, que continua lutando, me disse que nos últimos 4 anos, a carga tributária dele aumentou 43%. As margens? Só rindo, né... Ele não consegue recuperar nem um quarto disso. Porque tem concorrentes de fundo de quintal que não pagam impostos, não registram funcionários e vendem mais barato. Está no banco, pagando juros altíssimos para conseguir girar o negócio e manter uma fábrica com 120 funcionários. A fábrica que era do pai e que ele ama. Mesmo. Portanto, chega de onerar quem paga, tem que fiscalizar melhor quem não paga.

Eu mesma. Há dois meses atrás, paguei mais imposto no mês do que a minha retirada. Uma empresa de duas sócias e uma funcionária. 20% do que a gente fatura é imposto. Isso, sem contar o imposto de renda de 27,5% que é aplicado depois, sobre as nossas retiradas pessoais. Gente... simplesmente não dá.

É óbvio que eu concordo com a distribuição da riqueza mais equitativamente, com condições justas e dignas de sobrevivência para todos, educação de qualidade, saúde, segurança, transporte. E que a forma de fazer isso é tributando. Mas tributando lucros, não onerando os produtos. Produtos e serviços, no Brasil, hoje, são mais caros que em qualquer lugar do mundo. Europa social democrática incluída.
Se não formos capazes de produzir riqueza, o que é que vamos dividir?
A nossa carga tributária e o nosso paternalismo inviabilizam a iniciativa privada.

Desculpe pela chatice, queridos. Só puta da vida mesmo.

3 comentários:

Anônimo disse...

Desculpas, por que? falaste alguma mentira?????

Dinorah disse...

Dani, concordo com você. A coisa tem que mudar, caso contrário, teremos que nos mudar para China - explorar trabalho escravo e revender para os tupiniquins.
Esta coisa tem que mudar, é muito imposto para sustentar uma corja que acabou de aumentar o próprio salário, sem um pingo de vergonha, as custas do povo.
um abraço
Dinorah

Carol disse...

conheço bem essa realidade, e já fui a bancarrota certa feita....e vc nem falou da especialização do setor q também é precária, mesmo empregando tanta gente...olha amo essa área,mas é muito difícil o segmento.