26.8.05

Vendendo a alma

Vi, há um tempo, a entrevista de um ator na TV dizendo que hoje, ele tem que ser mais do que um ator se ele quiser trabalhar. Tem que administrar e vender o seu trabalho, porque não existe mais a figura do "manager".
Essa semana, jantei com um amigo designer e falamos sobre isso. Sobre como ao longo do tempo, fomos nos transformando em vendedores e administradores. O tempo que realmente dedicamos a "artistar" hoje, é mínimo. Porque passamos a maior parte do tempo envolvidos na burocracia e na venda do nosso trabalho.
Não costumava ser assim. Lembramos com nostalgia de um escritório onde trabalhamos juntos. Tínhamos mais tempo prá pensar num trabalho, criávamos conceitos, achávamos, realmente, que estávamos fazendo alguma coisa especial. Não sei se estávamos ou não. Éramos jovens, prepotentes e idealistas. Mas a gente se divertia muito.
Hoje, nos concentramos em fazer barato e comercial. E temos que sair por aí, com o trabalho debaixo do braço, mascateando. É duro. Porque demanda um tipo de estado mental completamente oposto ao da criação. Vender é adrenalina pura. Criação é concentração. E aprender a alternar esses estados de espírito é complicado. Pelo menos, prá mim.
Mas a gente tem que pagar a conta do supermercado, né?

Nenhum comentário: