22.2.07

Em nome d'Ele, o Trabalho

Estava assistindo uma reprise do Saia Justa e a Mônica Wald*vogel mencionou o "pacote" da classe média. Os valores classe média que são passados de geração para geração e que influenciam o nosso comportamento, a nossa forma de viver. Impossível evitar. Eu sou classe média. Fui criada em uma família de classe média, estudei em colégios de classe média, etc, ad nauseaum.
É uma preocupação com segurança e dinheiro, com a manutenção do status quo que gera medo e uma aversão ao risco monumentais. Porque quem não tem nada a perder não tem medo e quem tem muito, pode se dar ao luxo.
Risco não é para a classe média, definitivamente. É isso que aprendemos. É assim que me ensinaram. Uma valorização do trabalho enquanto sacrifício. Um menosprezo ao hedonismo. Culpa, culpa, culpa.

E quase que imediatamente me lembro de uma outra reprise, desta vez da Op*rah, de um programa onde falavam sobre a dificuldade cada vez maior da classe média em manter sua posição social. De como, cada vez é necessário mais dinheiro, mais investimento na educação dos filhos para que se consiga, ao menos, manter o padrão econômico que herdamos dos nossos pais.
E de como essa escada tem se tornado cada vez mais longa e do esforço necessário para se manter num mesmo degrau.
Gente, estamos nos agarrando ao degrau com uma mão só. Suada.
E cada vez temos que trabalhar mais, mais, mais.

Minha mãe conseguiu educar três filhos. Bem. Curso superior em boas faculdades, inglês, clube, etc.
Eu tenho um filho só. Mateus estuda na mesma escola em que estudei.
Moramos na mesma rua onde eu morei praticamente toda a minha infância e juventude.
Inglês na Inglaterra? rá
Clube? rá rá
Mais um filho? De maneira nenhuma.

Somos espécie em extinção.

No último carro alegórico: a velha guarda pequeno-burguesa.

E bom seria, se eu conseguisse me libertar desse medo.

3 comentários:

Anônimo disse...

Pas-sa-da com esse texto, Dani. Adorei e odiei, porque rolou toda uma identificação. Eu queria copiar, colar e guardar pra sempre. Adorei a sinceridade.

Anônimo disse...

É isso mesmo. Somos criados com esses valores, para sermos responsáveis. Diligentes, acho que é a melhor palavra. Penso muito nisso, e concluo que isso é uma armadilha. Mas como é difícil sair dela.

Anônimo disse...

Pois é.... tb sinto isso, com uma diferença enorme...Achei que estava na classe média quando pequena, estudei em bons colégios (com bolsa)minhas amiguinhas da vizinhança eram filhas de pais (sei lá) que pareciam ter uma certa estabilidade financeira....mas com certeza, não fiz cursos extras, nem fui estudar no exterior...mas com a revolta, me coloquei com poderes pra alcançar aquilo que eu via das pessoas ao meu redor...Fui à luta..criei meu filho em excelentes colégios, tudo do bom e do melhor...mas a única coisa que vejo, é um esforço sobrehumano pra manter uma história de espelhos que nem vivi...