8.2.07

A volta das que não foram

A pessoa que deveria se encontrar em Manaus, se encontra aqui em SP. Em casa, para ser mais precisa. Porque como nós somos deveras originais, eu e minha sócia, fomos passear ontem no aeroporto de Guarulhos (aventura somente recomendada para quem aprecia fortes emoções) debaixo da chuva mais torrencial dos últimos tempos e trânsito parado, parado, parado.
Chegamos ao soar do gongo e a mocinha do check-in garante que o avião, claro, está no horário. Oquei, como não? Esbaforidas, suadas, destemperadas, correm para o embarque.
Não mais que de repente (após pagar pelo segundo café com leite mais caro do universo - cinco reais!), a voz no alto-falante anuncia que, em função da chuva, TODOS os aviões estão atrasados e sem previsão de embarque.

Mas nem, nem que me matassem eu ia ficar naquela salinha 17, lotada de pessoas. Bora desembarcar e esperar lá fora. E perguntar, lá no balcão, se e quando esse avião vai sair. E fumar, claro, o que é que eles estão pensando?
Mocinho do balcão diz que não, não podemos ficar lá fora, não. Porque ele não garante que vão chamar o vôo nos alto-falantes de fora e que o vôo pode sair a qualquer momento. Diz ele que a Infrahellus só anuncia alguns, assim aleatoriamente. Ah.... então tá bom então.
Bora de volta pro embarque. Na salinha 15, que é maior e dá prá escutar o raio da pessoa anunciar a chegada do avião.

Mas nem com o benefício da presença de uns seres do sexo masculino de boa aparência se pode contar nessa vida, nem isso para divertir a pessoa tinha não.

Fome. De fome padecem as sócias proprietárias do L'atelier.
Bora comer, então, ali no único café do corredor de embarque.
Misto quente sola de sapato - dez reau
Suco de laranja - num tem, não (mas como ué, tô vendo aí a máquina com as laranjas! A máquina se encontra parada para limpeza- Ah... se encontra, né? Então, tá. Café com leite. Olha, pessoas, um misto rachado e dois cafés com leite - vinte e cinco reaus e vinte centavos - no café do corredor é mais caro).
Avião no horário - realmente, não tem preço.

Embarco, desembarco, fumo embarco, desembarco, fumo. O povo que tava lá esperando as pessoas queridas amigas amantes conhecidas que estavam nos aviões atrasados deve ter achado que, realmente, eu sou uma pessoa que viaja muito rápido. Por teletransporte, deve ser. Que raio essa mulher tá desembarcando de novo?

Well, após umas três horas e meia dessa edificante atividade, vamos pela enésima vez até o check-in. Escolho um mocinho novinho com cara de ingênuo intocado pela crise aeroviária e furo a ondulante fila dos pobres que ainda nem check-in fizeram e acreditam, coitados, que vão viajar.
"Moço, falaverdade, esse avião sai hoje ou não sai, porque, sabe, eu vou prá casa e volto amanhã."
"Olha, o avião está no Galeão, sem previsão de sair de lá". (O Galeão, para quem não sabe fica no Rio de Janeiro).
"Tá, moço, então deu. Vamos remarcar essa joça prá amanhã."
Tec, tec, tec tec, tec tec, tec, tec. Passagem remarcada para amanhã às 19:00.

Acabou? Nananinanão, caros telespecadores.
E as malas? Ah... as malas.... peraí que nós vamos localizar as malas, esperem aqui um segundinho, por favor.
Foram aproximadamente 60X60 segundinhos e cinco pessoas para estarem tentando localizar as malas.

Acabou, agora, então?
Não, pessoas, cabô inda não.
Tinha o táxi.
Fila de umas cinquenta pessoas para pagar com cartão.
Fila de umas trezentas pessoas (não é uma figura de linguagem usada para reforçar a narrativa neste ponto, não) para os táxis, propriamente ditos.

Agora acabou. Depois de uma emocionante aventura de seis horas, chegamos em casa às 2:30 de la matin. Podres. Famélicas.

Mas não desligue ainda, hoje à noite tem mais.
Porque, vejam, neste exato momento, chove. E, (tá lá no Terra) já são vinte e cinco aviões atrasados em Congonhas que estão sendo redirecionados para adivinhem? Guarulhos.

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