5.6.09

Do lado de cá da cerca

Vocês sabem. Eu fui casada dezoito anos, mais dois de namoro, são vinte. Vinte anos sendo metade de um casal. Que era isso que eu achava mesmo, toda uma ilusão romântica a que somos sujeitos desde a infância. Na riqueza, ou na pobreza. Na saúde ou na doença. Eu acreditava mesmo nisso. Casamento para mim, era coisa séria. É ainda.
Mas.

As pessoas dizem que eu sou uma mulher bonita. Sei lá. Não pensava muito nisso, não. O Zé não era dado à muitos elogios. O desejo estava nos olhos dele e me bastava. E não vamos aqui conversar de auto-estima porque, né? Assuntinho longo e muitíssimo explorado.

Não quero desiludir vocês, crianças mas, olha, homem é um negócio complicadinho.
Estamos falando de fidelidade aqui. Difícil, hein?
Porque estando do lado de cá da cerca e não tendo mais um marido segurança, do meu lado 24 horas/dia, eles vêm (ó, sorry, não consigo abandonar estes acentos, não). Os casados, namorando, comprometidos de várias formas.

E, se por um lado parece engraçado e lisonjeiro, por outro, desânimo profundo e arrasador. Porque, amigos, por mais moderna que seja a relação que eu pretenda estabelecer, duas casas, um pouco mais de indepêndencia, amigos em comum e amigos em separado, venho aqui e vos digo: Ô bicho inquieto, esse bicho homem!

E aí eu fico pensando em como administrar esse conhecimento. Porque tapar os olhos é uma coisa que eu não faço mais, seja qual for a realidade que eu precise encarar.
Tem aquele texto que rodou a net, dizendo que não há mesmo, fidelidade masculina. Ou melhor, há. Mas que se estabelece sobre outros padrões. Que uma coisa não tem nada a ver com outra, aquele papo que a gente também escuta desde a tenra infância. E tudo isso porque ontem, recebi um e-mail de um cara casado, lá no negocinho da internétis. Não é o primeiro. Nem o segundo. Nem o terceiro. Nunca respondo. Mas ontem, eu mostrei para a minha sócia, melhor amiga, praticamente irmã. E vi a indignação nos olhos dela. A dor, mesmo. Porque ela está casada, né? E diante dela, eu virei " a outra". A outra encarnada, personalizada em mim, a outra mitológica. A amante, a que está lá, sempre disposta e cheirosa e risonha (será que existe, hein? essa mulher?)

E, olha, devo admitir que é verdade. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Não tinha tido muito tempo, na minha vida pregressa, de testar essas possibilidades. Sexo amigável, livre de expectativas, sem ser usado como moeda de troca, sem pretensões românticas. E é absolutamente possível. E pode ser muito agradável. Mas mesmo assim, ainda acho que estamos em estações diferentes, homens e mulheres.

Ou como disse meu amigo (aquele do post da Virada Cultural), ontem no eme-esse-ene: homem é pornográfico. E terminou dizendo que vai procurar um psicólogo e acabar com essa vida de putaria. Mas antes (palavras dele), bem que a gente podia sair mais uma vez, né?

Crianças, desisto.

Um comentário:

Tata disse...

Os últimos três caras que se interessaram por mim eram casados. O primeiro eu resisti, o segundo não consegui, eu confesso. O terceiro está tentando, mas na boa, vou cair fora. E também vou cair fora porque ele é segurança de uma loja de R$ 1,99 e se chama Adalto (risos). O resto da história está no blog.
bj