14.11.10

Feeling miserable

Eu passei metade da minha vida me dedicando quase que exclusivamente à família. Eu trabalhava, claro. Mas a minha prioridade sempre foi meu marido, meu filho. O meu dinheiro sempre foi para sustentar a casa e um monte de sonhos malucos que meu ex-marido tinha. Tudo que eu pude fazer pelos dois, eu fiz. Inclusive em se tratando de presentes, festas, pequenos luxos. Eles sempre vieram primeiro. Quatro últimos modelos de video-game comprados antes do meu primeiro notebook, que é esse aqui, em que eu escrevo agora.
Não estou reclamado. Era apenas meu jeito de ser. Hoje, depois de muito esforço e amadurecimento, eu aprendi que a generosidade absoluta não é saudável. E que ser necessária e querida a qualquer preço não é bom. E que não faz mal dizer não, de vez em quando.

Eu estou dura. Em parte porque estou faturando muito pouco no escritório mesmo, em parte porque comprei computador e celular novos para mim, além de ter pago uma parcela da viagem do reveillon com a turma. Além disso, pretendo comprar duas televisões, parceladas a perder de vista para os nossos quartos no apartamento novo.
Tudo certo, né? Não estou cometendo nenhum crime. Eu sei disso. E esse egoísmo saudável era uma coisa que eu tinha que aprender mesmo. Pelo meu bem. E pelo bem de todas as pessoas que convivem comigo.

Agora me diz porque eu quero morrer quando Mateus vem me dizer que não vai ganhar nenhum presente amanhã? E ainda me joga na cara o que eu comprei para mim? (sim, já sabe como me manipular, a criatura). Porque esse é o mal do generoso, né? Só a simples suspeita de que está fazendo alguém sofrer, mesmo que seja inconscientemente, basta para me deixar arrasada. Acaba comigo mesmo, ser chamada de egoísta.

E não adianta vir me dizer que ele vai ganhar um quarto novo, com cama nova (presente da avó), criado mudo pop novo, tv nova, banheiro só para ele com tapetinho especialmente trazido de Hong Kong... etcetera, etcetera, etcetera. Para o meu quarto ainda não comprei absolutamente nada e ainda assim me sinto culpada, culpada, culpada.

Culpada por estar vivendo. Shoot me. Quando é que eu vou aprender?

2 comentários:

Anônimo disse...

Lembra dopost em que você disse que as mulheres da tua família tem a maldita mania de serem boazinhas? Pois é. você tem todo o direito de curtir os frutos do seu trabalho sim. e seu filho aprendeu a te manipular, sinto por você. Ou você aprende a lidar com isso ou vai sofrer tioda vez que quiser alguma coisa pra si. Não fica neurada nisso não. A vida já é tão curta e a gente ainda ter que se privar dos prazeres... Você esté bem longe de ser uma pessoa egoísta (pelo que se pode depreender dos posts), por isso, relaxa e curte!

Dinorah disse...

Culpa é o primeiro sentimento que se tem ao saber que se está esperando um filho: - por que não parei de fumar? por que bebi aquela cerveja ontem? por que não tomeia as vitaminas. Depois só faz aumentar. e assim a gente vai sendo manipulada até o fim da vida. O negócio, acho, é tentar abstrair, tentar não se deixar manipular. É complicado, mas se serve de consolo: Não se culpe tanto! Seja feliz!