1.3.06

Carnaval - 2º Capítulo

Mais percalços no caminho. O motorista não sabe onde é o nosso camarote. Pergunta daqui, pergunta dali, chegamos. Setor F. Já mais pro final da avenida. Prá vocês que não sabem, os camarotes mais feeenos ficam ao lado ou em frente ao recuo da bateria, bem lá no meio. Pego o raio da camiseta e me dão uma tesoura. Tem lá umas cabininhas feitas de tecido com um espelhão pendurado - prá você cortar a camiseta e poder se olhar. Tá. Minha mão treme tanto que quase não dou conta de cortar. Justo eu. A Rainha Suprema e Absoluta Majestade da Camiseta Cortada. Ah! Esclarecimento aqui. Camiseta é um elogio muito, muito grande. Porque o treco é feito de 100% poliéster legítimo e gente, esse camarote vai feder! E é verde limão.
Corto lá, de qualquer jeito, e subo a escada pro camarote.
Espaçoso, dois bares, um buffet cheio de comida, até shiatsu tem! Não olho muito não, que eu tô com pressa. Capturo um uísque (que dizem, é oito anos importado mas nunca tínhamos sido apresentados, não, senhor) e uma água e corro lá prá parte inferior do camarote que fica no nível da avenida, colada no alambrado. Vejo o Luiz Carlos e a Magé lá na mesinha (que fica assim, a uns três metros do alambrado. Lindo. Perfeito. Sento um pouco e tento respirar. Percebo que estava sem respirar desde casa, acho.
Nem dez minutos e começa. Gaviões. Um samba gostoso mas nem de longe tão bom como o do ano passado e eu lá, grudada no alambrado, pulando e cantando como se eu estivesse no meio da escola. Delícia.
A Gaviões passa e tenho um tempo prá olhar melhor as coisas. De estrelas nesse camarote, só se forem anãs brancas ou gigantes vermelhas. Dessas, várias. Um povo feio de doer. Mas eu não tô nem ligando. Não foi prá isso que eu vim, graças a deus.
A comida é muito, muito boa. E tem comida mesmo. Pizza, diversos tipos de massa e uma sopinha just in time lá pelas quatro. Se vale por alguma coisa, o camarote, é por isso. Porque a comidinha ajuda mesmo a segurar as forças e o mé. Bebida de graça, também é bom, claro.
E os banheiros. Quesito importantíssimo. Eram só quatro: dois muié, dois hómi. Containers. Suficientes para os homens, poucos para as mulheres, principalmente depois que lacraram um. Relativamente limpos no primeiro dia, limpíssimos no segundo.
Gente, e como tem camarote! Muitos, de várias empresas. Alguns bem vazios. Preciso mesmo melhorar meu sofrível networking, que tem boca livre à rodo, lá no Anhembi.
Não vou ficar aqui comentando as escolas que prá isso vocês tem a Lecy Brandão.
Só dizer que o desfile da Gaviões não foi dos melhores mas também não acho que tenha merecido aquelas notas e que a escola que mais me emocionou foi a Nenê de Vila Matide, que do mesmo jeito que a Mangueira, lá no Rio, tinha um samba muito bom e os componentes da escola eram pura felicidade!
Não fiquei até o fim, não. Assisti cinco, faltaram três. Nos dois dias. Olha, isso a gente precisa mudar por aqui. Em São Paulo são oito escolas por noite (ano que vem vão ser sete) e o desfile começa muito mais tarde que no Rio. Às onze e meia, quando estamos começando e ainda faltam SETE escolas prá passar, o Rio já tá na terceira, faltando apenas quatro. Não dá não, gente. É muito cansativo! E depois, com aquela quantidade de uísque, vou te contar.
Na sexta, enchemos a cara.
O sábado, fica pro terceiro capítulo.

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