31.10.05

Que las hay, las hay

Hoje é mesmo rélouin. Posso confirmar. Acabei resolvendo ficar em casa depois do Mateus me olhar com os olhinhos brilhantes de febre e pedir: Mãe, eu queria que você ficasse. Fiquei. Resolvi descascar um terço do pepino por telefone e resolver o resto amanhã. Tá. Feito. Tínhamos também umas guias de imposto de renda atrasadas que tínhamos que pagar hoje e o contador me jurou que dava prá pagar pela internet. Não deu. Ligo lá e ele está de férias. Hoje é o prazo máximo. A fulaninha do escritório de contabilidade faz uma guia nova e me manda por e-mail, para eu pagar no BANCO. Atenção, crianças! A minha impressora está com pau, não imprime. Ligo prá minha tia e peço prá imprimir lá na casa dela que fica a cinco quadras daqui. Pelo caminho vejo o tempo todo ela lá, a bruxa, refletida nas vitrines mais finérrimas desse país que, coincidentemente, ficam no caminho da minha casa prá casa da minha tia. Muito prazer, sou eu mesma. A bruxa do leste, do oeste, do norte e do sul, é o que eu pareço hoje. Imprimo a guia, saio correndo pro banco (Mateus dorme enquanto isso), chegando lá, que dúvida, uma fila enoooorme. Quarenta minutos. Vocês pensam que acabou? Nananinanão. Ainda tenho uma reunião da qual não consegui escapar, na Vila Maria! Da minha casa é uma viagem intergaláctica.
A Marcia deve estar chegando daqui a dois instantes. E eu não almocei.
Tchau procêis.
Entrei aqui só para alertar: se você puder, não saia de casa hoje. Elas tão soltas!

29.10.05

Na casa da Rainha Mãe

Fui passar o fim de semana em Lugar Incerto Não Sabido, na casa da Formiga-Mor.
A casa da minha mãe é a perfeita....... perfeição. Vocês não tem idéia do que é ter crescido numa casa perfeita. Não tem não. É muito bom, meus olhos de esteta não podem negar. Mas deixa seqüelas. Profundas.
Já contei um pouco da minha dupla personalidade no post da cigarra e da formiga, mas voltar para a minha casa depois de um fim de semana por aqui, sempre me provoca a reação Lysoform, chego querendo passar paninhos em tudo, distribuir orquídeas para todos os lados e jogar metade das minhas coisas fora.
Tenho que respirar fundo, contar até dez umas dez vezes e assegurar para mim mesma que está tudo bem, limpo e arrumado o suficiente, essa é a minha casa, essa é a minha casa, essa é a minha casa.
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PS. O Mateus está bem doentinho. Não tem nada que me deixe com o coração mais apertado do que ver meu filho doente e ainda por cima ter que sair prá trabalhar porque eu tenho centenas de compromissos, além de um pepino enorme e indigesto para descascar hoje. Estou aqui esperando a Cá chegar para tomar conta dele.

Mãe Coruja


Normalmente, não gosto de colocar fotos pessoais, mas como o Mateus descolou uma série de fãs depois do post das bonitonas do cinema, acho que elas merecem um gostinho. Não é lindo, meu filhote?

PS. De todas as fotos que eu tirei, essa foi a única que ele aprovou.

27.10.05

Blog bissexto

Ó. Ando exausta. Minha data de validade já expirou há tempos. Preciso de férias. Elas vem, mas só em Dezembro. Falta pouco e falta muito. Não ando com paciência para obrigações. Isso aqui, supostamente deveria ser divertido. E é. Mas nem sempre. Só prá constar: vou sumir de vez em quando.

Bom,mesmo sem ser verdade...

Estávamos no meu quarto, eu e o filhote. Eu lendo, ele fazendo lição de casa, a TV ligada no Fantástico. Daí que aparece uma matéria sobre as bonitas do cinema em fotos sem maquiagem. E ele:
"Credo mãe! Essa é ela? E essa, então?" E assim por diante.
No final ele olha prá mim, todo sério e diz:
"Mãe, acho que você dá um couro nelas. Porque eu só te vejo assim: descabelada e sem maquiagem" :)))

26.10.05

Combinando

Fazer o quê, né?

25.10.05

Cagada de passarinho, literalmente

Dizem que dá sorte. Sei não. Sei que estava caminhando para o metrô, ainda perto de casa, toda linda com a minha saia rodada estampada de rosas, quando uma maldita pomba despejou seus dejetos verdes no meu ombro. Gente, foi um splash que deu prá ouvir de uma quadra de distância. Voltei prá casa, troquei de blusa, cheguei tarde no escritório. E ainda tive que vir de taxi. Acho que vou jogar na megasena. Quem sabe?

Cartinha ao Papai Noel

Querido Papai Noel,
Fui uma boa menina esse ano e acho que mereço um presente.
Eu detesto a parte prática da administração da casa. Gosto de cozinhar e arrumar umas flores no vaso, mas não suporto que me digam que acabou o passe bem ou que o micro ondas quebrou.
Também não gosto da parte burocrática da administração do escritório. Gosto de números, mas vivo esquecendo o dia de recolher o DARF ou a GPS.
E ando trabalhando demais. Minha coluna reclama e não consigo voltar para a ginástica.
Pensei muito e descobri o que eu quero: uma governanta, secretária executiva trilingüe com superior em contabilidade, personal trainer que, de quebra, saiba fazer massagem ayurvédica. Tá?
Não precisa embrulhar prá presente.
Obrigada,
da sua eterna admiradora,
Daniela

24.10.05

Meus lindos presentes




Não é um exagero de delicadeza e capricho, essa menina?
E não é muito sortuda essa que vos fala?

Referendo e Baby Consuelo

Ainda estou emputecida com esse referendo que me obrigou a anular meu voto pela primeira vez na vida. E prá completar o domingo, a matéria da Veja com a Baby Consuelo do Brasil de Jesus (ou seja lá qual o nome idiota que ela escolheu agora) e a igreja nova dela. O que é aquilo? Curar gays? Punição divina para New Orleans porque praticam vodu? Vodu é ela! Cala a boca mulher, pelamordedeus. Que o que esse mundo menos precisa é de mais uma igreja.
E ainda por cima já tem gente pagando o dízimo, diz lá, para complementar a renda da vossa santidade, Baby.
Tem idiota prá tudo nesse mundo.

21.10.05

HUAHHUAHHUAAA!!!!!!!!!!!!!!

Cerveja não é prá mim. Eu que encaro quatro doses de uísque ou três gins, sem dar muito vexame, tomo uma latinha e já fico meio patsa. Pois foi isso que eu fiz. Cheguei em casa e tomei a última latinha geladézima do Zé que estava na geladeira. Depois fui lá na Descontrol e literalmente gargalhei com o vídeo japonês. Vai lá. It´s Asian.
E agora me vou, que eu, como serumana trabalhadora que sou, tô de saco cheio. De trabalho e de computador. Saltei fora cedo hoje, né? Esse rodízio do nossa carro na sexta é felomenal!

Obrigada, Ju

Vou abrir um negócio novo e vou ganhar rios de dinheiro. Só alugando as bijous maravilhosas que a Juliana fez prá mim. A Marcia já fez reservas. A Sheila pediu iguais prá ela. Você tá ficando famosa por aqui! Não vou dizer mais nada. Porque vocês tem que ver para crer. Fotos na segunda. Prometo.
Amei. Tudo. Muito.

Juliana 2

Essa garota é louca, louca, louca. Ela me mandou uma caixa linda com trocentas outras caixinhas lindas dentro, cada uma de uma cor e cheias de laços de fita. Tô aqui olhando e nem tenho coragem de abrir de tão lindo! Ô, Ju, você exagerou de novo! Queria por as fotos prá vocês verem, mas a máquina tá lá no escritório e hoje eu não vou prá lá. Estou em casa, esperando a Marcia, vamos para o Bom Retiro atrás de aviamentos e hoje é o nosso rodízio, portanto, só podemos sair depois das dez. De jeito nenhum vou esperar até segunda prá abrir. Depois eu tento reconstruir toda a lindeza do presente dela prá fotografar para vocês.
E também topo. Porque com essa querida amiga não mais secreta, quem não toparia o Cartão Fidelidade Sedex?

Ju, já chega!

Tô constrangida já. Mas feliz que você tenha gostado.

Mar de Merda

Li ontem, não lembro onde, que 70.000 novos blogs são criados por dia, no mundo. Vixe!
Pelo jeito vamos ter que fazer que nem baleia, engolir um mooonte de água prá conseguir filtrar alguns peixinhos. Bom, até aí, nada de novo. Não é assim mesmo com a TV, o cinema, os livros? Porque não seria assim com os blogs?

Virtual Reality

Deu no Blue Bus, já faz um tempinho. Então quer dizer que a gente não precisa fazer. Só assistir às experiências dos outros para ativar no cérebro as mesmas conexões neuronais de quem fez e sentir a mesma coisa. Tá faltando pouco prá inventarem um aparelhinho que grava as sensações e depois "toca" para uma outra pessoa sentir. Que medo!
Por outro lado (eu e os meus lados), se der prá aprender coisas bem rapidinho tipo Matrix, bem que ia ser bom, né?



20.10.05

Desabafo

Fui comprar umas flores para a Marcia lá perto de casa e no meu trajeto passei por uma loja. Esta loja específica foi onde deixamos, em consignação, a nossa coleção de calcinhas bordadas à mão, mais do que maravilhosas, que é um projetinho do nosso coração. Pois então. A loja é finnerrezérrima. São duas donas. Vou falar uma cousa para vocês: tinha uma placa enorme na frente da loja - Fulano de Tal PASSA ESSE PONTO.
Sendo que, nossas calcinhas estão lá há um tempão, só recebemos uma pequeníssima parte do que deveríamos e as fulanas nem se dignaram a nos telefonar. Pausa aqui. Não vou dizer nomes, mas uma delas é uma ex-publicitária socialite que sai em tudo quanto é revista e a outra partilha o sobrenome com um ex-presidente da República, ou seja, dinheiro elas tem, ou deveriam, para abrir um negócio desses. Tudo bem que a gente meio que abandonou, também não cobrou. Mas péra lá. É questão de princípios e educação. Na hora de pedir prá deixar em consignação porque eram peças caras, coisa e tales, só sorrisos e salamaleques. Na hora de encerrar o negócio, nada? Pelo menos deveriam devolver as nossas peças, né? Era o mínimo. Eu nunca faria uma coisa dessas. Deve ser por isso que eu não sou milhona e não saio em revista nenhuma.

To die for

Ontem, pesquisando o próximo inverno na pilha de revistas importadas que compramos, fiz uma descoberta. Eu posso matar. Por isso, você que herdou dos seus pais, pés tamanho 37 e dinheiro suficiente para comprar a bota da Burberry, não passe nem perto de mim.

Feliz Aniversário!


Hoje é aniversário da Marcia. Minha querida amiga, sócia e companheira de TODAS as horas. Mesmo. Ela odeia aniversário. Só os dela, bem entendido. Diz, que como toda libriana, fica deprimida no seu próprio aniversário. Não sei. Não conheço tantos librianos assim. Só sei que eu, como boa canceriana, ADORO aniversários - os meus e os de todo mundo. E não consigo deixar passar em branco. Como eu sei que ela só lê o blog de vez em quando - e aí lê tudo de uma vez, vou deixar um recadinho prá ela aqui.
Feliz Aniversário, querida amiga e que o seu ano particular, que começa hoje, seja tudo o que você merece. Te amo!

19.10.05

Dani needs...

Primeiro eu vi aqui e depois aqui.
Google - você digita "seu nome needs" e vê no que dá.
Lá vai:

"Dani needs revenge" - I sure do sometimes, but rarely act on it.

"Dani needs the love, support and discipline that only two parents provide" - Too late for that

"Dani needs help" - Yeah. But doesn't like to ask for it.

"Dani needs to do something new, exciting that will serve her well later" - Sim! Sim! Sim!

"Dani needs to finish stuff" - Always..., aren't I the Procrastination Queen?

Dani needs to write her mom off and move on with her life - Uau! Essa é f*da!

Dani needs Your vote! - Why not?

Dani needs him - I do. What can I do?

Dani needs the money - Of course. Lots of it.

E chega, já deu.

Espelho, espelho meu

Cheguei em casa mais cedo na segunda feira, fui buscar o filhote no aeroporto. Assisti ao programa da Oprah. Fiquei chocada. Falavam de uma tal de Body Dismorphic Disorder (Transtorno Dismórfico Corporal). Nunca tinha ouvido falar nisso. As pessoas que sofrem desse transtorno se enxergam feias, às vezes até monstruosas, a ponto de não conseguirem sair de casa ou ficarem horas paralisadas (literalmente) na frente do espelho. Um horror! Um sofrimento sem fim. Sou eu, ou vocês também acham que a cada dia se fala de um "transtorno" novo? Transtorno Obssessivo Compulsivo, Transtorno de Déficit de Atenção, Transtorno de Somatização e por aí vai. Já sofríamos disso antes e ainda não tinha nome? Ou estamos adoecendo todos?
Numa das trocentas e doze palestras que eu assisti no ano passado durante a via crucis "seu filho é hiperativo", um dos palestrantes disse que a linha entre a normalidade e a doença é um continuum. Não há salto. E que se considera doença a partir do momento que atrapalha a vida dita normal. Porque desequilíbrios, todos temos.
Então, quando a nossa preocupação com a aparência, deixa de ser saudável e vira doença?
Porque tá ph*da, gente! Não tá, não? Cada vez pior.
Acho que essas atrizes e modelos famosas ao invés de ficarem propagandeando suas obras assistenciais deviam mesmo é se deixar fotografar sem maquiagem, luz adequada e retoques de Photoshop. Se é que elas, de verdade, querem fazer algum bem real à humanidade.
E nós aqui, pobres mortais, devíamos repensar a vaidade e cuidar da auto-estima. Porque sempre vai haver alguém mais bonito, mais inteligente, mais rico, mais talentoso, mais jovem; e se dependermos da opinião dos outros para construirmos nossa própria imagem, que consistência ela terá?

17.10.05

Café com leite? Não, é uma salada mesmo!

Estava conversando com a Marcia sobre o post da cigarra e da formiga. Eu disse prá ela:
"Bem que eu podia ter saído equilibrada, né. Misturando os dois opostos extremos que são meu pai e minha mãe. Feito café com leite. Misturava os dois e ficava um negócio assim, bege."
E ela:
"Café com leite coisa nenhuma. É vinagre e óleo. Não mistura de jeito nenhum!

Querido amigo, I'm SO sorry.

Acabei de mandar um e-mail. Estou saindo fora de um negócio. Uma sociedade com um amigo muito querido. Nem bem ainda começamos e eu tenho que sair. Difícil. Difícil porque eu gosto muito dele, porque trabalhamos bem juntos, porque eu não sei dizer não. Principalmente para aqueles de quem eu gosto muito. Mas não dá. Não tenho tempo, não tenho disposição, não consigo encontrar entusiasmo. E começar um negócio novo desse jeito não dá. Além disso preciso me concentrar nos 325 projetos com os quais já estou irremediavelmente comprometida. E em mim mesma, porque tem que sobrar tempo prá mim e para os meus, e eu terminantemente me recuso a voltar a trabalhar madrugadas afora como costumava fazer em outros tempos. Acho que eu tô ficando velha, cansada e porque não? Mais sábia. Porque sabedoria é saber escolher, conseguir deixar algumas coisas de lado e trafegar no Tao, tanto quanto possível.
O problema é que saber as coisas não me impede de sentir. E meu coração agora está do tamanho de uma ervilha. Preta. Apertado e cheio de culpa e remorso. Merda.

16.10.05

Ela disse que vem!

Juliana, minha amiga não mais secreta, disse que vem à São Paulo pruma reunião em novembro. Pois então, o povo já está se organizando para um encontro. Vamos?

La Cigale et la Fourmi


É isso que dá ser resultado de um cruzamento de uma formiga fêmea com uma cigarra macho. Sábado é menos complicado, meus genes de cigarra falam mais alto e eu consigo bundar sem culpa. Mas, domingo, é impossível. No domingo, acordo para uma casa que é uma zona só. Louça suja, 32 pares de sapatos espalhados pela casa, camas desarrumadas, um colchão na sala que ontem parecia ótimo prá assistir DVDs com mais conforto. A formiguinha dentro de mim entra em pânico. E a cigarra também não cala a boca. Socorro! Dupla personalidade deve ser parecido com isso. Saio feito louca a lavar louça, catar coisas e sacudir lençóis. Mas tem limite, canta a cigarra. Então as roupas ficam estendidas no banco do quarto (esticadinhas mas ainda lá, sem guardar) e não, não seco louça, porque tudo tem limite. Sossego um pouco, acendo um incenso e venho prá internet. Que ontem, o dia todo se recusou a funcionar, juntamente com a TV a cabo (é isso que dá botar todos os ovos na mesma cesta - maldita NET!). Leio meus blogs favoritos, descubro que a minha entrevista do visto americano é amanhã, então fu*eu!, vou ter que remarcar porque ainda não providenciei absolutamente nada do que precisaria levar, ó a cigarra aí de novo! Se fosse a minha mãe, já estaria com a pasta dos documentos pronta há um mês, etiquetada e encapada.
Tem problema não, a viagem já foi adiada mesmo... Mas a culpa da formiguinha tá aqui, martelando. Que genética é assim, dela não temos escapatória...

PS. Ainda bem que o Adalberto existe (esse é o meu padrasto) prá botar um pouco de equilíbrio e bom senso nessa família e salvar a nós todos da insanidade total.

14.10.05

Felicidade?

No fim de semana passado, a ansiedade baixou o suficiente para eu conseguir terminar um livro que vinha arrastando há um mês - The Jane Austen Book Club da Karen Joy Fowler. Não estou recomendando, nem denegrindo. Foi mais ou menos. Deve ser bem mais divertido para quem já leu Austen. Não é o meu caso. Ainda não tive saco prá encarar (a Renata do Belas tá lendo - que tal Renata?) De qualquer forma, não é disso que eu quero falar. No livro, tem uma personagem chamada Sylvia. Sylvia tem uma filha, Allegra, que sofre um acidente. Num certo momento do livro, ela diz:

"Quando eu estava dirigindo para o hospital, eu pensei: se a Allegra estiver bem, eu serei a mulher mais feliz do mundo. E ela estava, e eu fui. Mas hoje, a pia está entupida e há rachaduras na garagem e eu não tenho tempo para lidar com nada disso. O jornal está cheio de miséria e guerra. E eu tenho que ficar me lembrando de ser feliz. Se as coisas tivessem sido diferentes, se alguma coisa tivesse realmente acontecido com a Allegra, eu não teria que me lembrar de ser infeliz. Eu seria infeliz para o resto dos meus dias. Porque a tristeza é tão mais poderosa que a felicidade? "

E é sobre isso que estou pensando hoje. Sei que andei falando sobre felicidade recentemente e que gente felizinha me irrita profundamente. Mas não é dessa felicidade comprada na farmácia ou no shopping que eu tô falando. Estou falando sobre a capacidade do ser humano em estar bem consigo mesmo. De verdade. Depois de ter ido até o fundão do seu próprio poço e voltado. De uma satisfação que transcenda o trivial. Sei não. Acho que não dá. O tempo todo, não dá não. Acho que não fomos construídos para sermos constantemente felizes.

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Depois de uma semana com vontade de raspar a cabeça, meu cabelo hoje, tá espetacular. O que eu fiz? Nada. Go figure.

13.10.05

Zeitgeist

Desde que eu descobri o Zeitgeist do Google, através do blog da Rosana Hermann fiquei intrigada. Um bichinho passeando lá pelas conexões neuronais do meu cérebro.
Prá quem não sabe (quem sabe, me desculpe), Zeitgeist é o espírito do tempo, o "clima" de uma época, a posição do dial onde a maioria está sintonizada no momento.
Hoje, temos uma maneira muito eficiente de medir o Zeitgeist, com as buscas que as pessoas fazem na internet. Claro que ainda nem todo mundo tem, mas terá. Humm. O que pode significar isso?
Alguém leu a Trilogia da Fundação do Asimov, na adolescência? Quem leu conhece Hari Seldon, o matemático que, nos livros, é o pai da psicohistória. A psicohistória era a ciência da "previsão do futuro". Usando fórmulas matemáticas seria possível prever o movimento de grandes grupos populacionais. Humm. Sei não. Se pudermos medir com precisão o Zeitgeist (que antes era apenas um conceito filosófico e impalpável, criado, não tenho certeza, por Kepler - intelectuais de plantão, me ajudem!), será que não poderíamos prever estatisticamente o futuro? Prá quem achar que eu tô sci-fi demais, hoje, perdão. De vez em quando, me perco nesses pensamentos. Vai ver é o Zeitgeist.

12.10.05

Ótima

Para pensar mais um pouco sobre o desarmamento tem esse texto ótimo, de autor desconhecido .
Minha queridíssima irmã me mandou por e-mail, há pouco.

11.10.05

Pedido de Desculpas

Antes que a Sheila leia o post do Fórum e caia de pau em cima de mim, peço desculpas. Foi só um desabafo. Claro que eu sei que estudar direito pode ser divertido e interessante e também que defender um argumento, com certeza é. Mas o que eu vejo na vida dos devogados por aí não é bem isso não. Ser advogado nesse país é se afogar no mar da burrocracia e praticar um direito baseado em tecnicalidades, muito mais do que em bom senso. E isso é chato. Muito chato. E dou por encerrada a sessão.

Mudou alguma coisa?

Estava eu a pesquisar o carnaval das antigas na internet quando encontrei um texto da Raquel de Queiroz do qual reproduzo um trecho:

"Os ricos, ou seja gente que pode gastar mais de vinte contos numa noite (sem incluir o preço da indumentária), enchem o Municipal, as boites, os grandes bailes dos hotéis de luxo. Convidam atrizes de Hollywood para que elas vejam que êles também sabem se esbaldar, fazem cruzeiros de iate a fantasia pelas águas da Guanabara, promovendo memoráveis farras em ignotos desembarcadouros da baía.
Chegam até a confraternizar com o carnaval de gafieira e escola de samba, muitos talvez por esnobismo, outros mesmo por singela alegria, porque, apesar do que parece, rico é de carne como nós.Tem dêles ruins, tem dêles bons, uns chatos, outros inteligentes, vários burríssimos, - enfim humanidade misturada como a daqui de baixo. A diferença dêles está quase tôda nos automóveis, nas residências, e na padronização. Sim, o pior de rico é que êles são por demais padronizados. O que um faz outro faz. Quando um inventa qualquer bossa bôba, pode jurar que todo o bando imita. Por exemplo, se uma môça rica dá para fazer cerâmica, ou abrir armarinho, (que elas chamam de boutique) tudo corre a amassar barro e a construir forninho da copa, ou passa a vender metro de pano por trás de um balcãozinho decapé. Ou talvez não se use mais decapé, não sei. Foi invenção dêles, também, bossa infernal para desmoralizar belos vinháticos e jacarandás. Por falar em jacarandás, e quando elas deram para ser decoradoras? E a mania dos arranjos florais? Davam de garra num pedaço de pau sêco, pintavam um abacaxi de dourado, juntavam uma cuia, um caco de barro, espetavam por cima um antúrio - era um arranjo floral. Sim, uma das coisas por que eu não gosto de rico é essa padronização. Até a gíria dêles é bôba, misturada de palavras em inglês, qual."

Não tá bem parecidinho com o povo de hoje? Fora que eu amei o português. Que bossa, não?

10.10.05

No Fórum

Resolvo mandar o Mateus sozinho prá casa da avó no feriado e sou informada de que precisa de autorização do Juizado de Menores. Me desinpirulito lá pro Fórum da João Mendes. Homens engravatados, mocinhas de terninho, salas, salas, salas, papéis, papéis, papéis, filas e mais filas. Não entendo. Quem em sã consciência pode escolher ser advogado? Credo. Ainda bem que tem gosto prá tudo.

Fal

Gostei.

Gostei muito do último livro do Flávio Gikovate - O Mal, o Bem e o mais além. Logo eu, que abomino livros de auto-ajuda. Mas esse não é. Não é mesmo. Nunca tinha lido nada dele, mea culpa. Vou reler, agora mais devagar e depois conto alguma coisa prá vocês.

Sim ou Não?

Começo citando o Flávio Gikovate, que por sua vez, cita Ortega y Gasset:

"Nosso vigor intelectual está diretamente relacionado com a capacidade que temos de sentir dúvidas. Costumamos preferir explicações apressadas e singelas ao convívio doloroso com as dúvidas"

Estou em dúvida. Não tenho medo dela. Sócrates é meu mestre. A respeito desse assunto, por enquanto, só tenho uma certeza: sou contra o referendo. Acho um dinheiro extremamente mal gasto. Dinheiro que poderia ter sido melhor usado em educação. Educação em prevenção à violência.
Me incomoda achar que estamos fazendo parte de mais uma daquelas manobras políticas, sabe? Mais um daqueles lances de demagogia para nos fazer acreditar que estão fazendo algo para resolver o problema. Estão? Não acho. Há exceções. Tenho que citar aqui, o PROERD - programa da Polícia Militar de prevenção ao uso de drogas e à violência que é aplicado em qualquer escola interessada, às crianças da quarta série do ensino fundamental. Mas no geral, não tenho visto nada ser feito. Havemos de precisar de muitas Donas Vitórias e suas câmeras de VHS, para ajudar nas investigações criminais.

Sou contra as armas por princípio. Óbvio. Quem não seria? Pessoalmente, detesto armas. Não tenho coragem nem prá chegar perto. Minha primeira vontade, assim, sem pensar, é votar a favor da proibição. Mas não acho que se deva votar em nada sem pensar. E, definitivamente, não acho que a proibição do comércio de armas vá mudar o quadro da violência nesse país. Não mesmo. Até acredito que pode haver uma diminuição nos acidentes domésticos e crimes passionais. Mas o problema mesmo? Não vai resolver, não. Porque o problema não é causado pelo comércio legal de armas, como todo mundo sabe. O verdadeiro problema é causado pela miséria, pela falta de educação, pela desigualdade de oportunidades. Bom mesmo seria que as armas não fossem mais vendidas por falta de demanda e não por falta de lojas. Além disso, sempre me preocupa o cerceamento de direitos civis, sejam eles quais forem. Deve ser trauma.

Tentei me informar melhor. Ler as pesquisas. Desisti. As pesquisas não dizem nada, são absolutamente contraditórias. Tá parecendo a Bíblia. Querendo provar qualquer tese, sempre se acha lá dentro o que você precisa para defender qualquer argumentação. Tenho lido também, a montanha de matérias e textos já publicados sobre o assunto. Textos muito bem escritos, por sinal, defendendo ambas as posições. Ainda não consegui me decidir.

Tenho um amigo que subiu um morro do Rio. É um outro mundo, ele disse. Armas? É um exército. São metralhadoras, fuzis, automáticas. Alguém acha que essas armas são compradas em lojas? Essas armas não entram no país em um lombo de jegue, gente. Vem de avião ou de navio. E como elas passam debaixo das fuças das nossas autoridades? Não sei. Quem sou eu pra saber?

Sei que vivemos inseguros. E tristes. Tristes porque sabemos que esse problema não é de fácil solução. Tristes porque vivemos em um país onde a desigualdade é enorme, principalmente de oportunidades. Um país que nos faz sentir culpados pela nossa própria prosperidade, ainda que resultado de trabalho duro. Um país violento.

E é por isso que eu vou pensar mais um pouco. Porque esse direito, ninguém me tira.

8.10.05

Paraíso

Quando eu terminei de assistir ao CSI, ontem à noite, todos já tinham dormido. A casa, um silêncio. Tomei um banho quente e demorado e fui deitar. Sexta é dia de trocar os lençóis. Que estavam brancos, cheirosos e lisinhos. Me estiquei na cama e suspirei - amanhã é sábado. Não sei se existe paraíso, mas se for, pelo menos remotamente, comparável à essa sensação, prá mim, tá de bom tamanho.

7.10.05

Falha nossa...

Já corrigi todos os links das visitas. Eu estava mesmo sequelada, hoje de manhã. Me desculpem, garotas.

PS. Ainda existe trema nessa língua? Acho que tenho que colocar, mas depois acho que vai ficar parecendo o Jânio, por escrito. Alguém me ajuda?

A arte e suas implicações

Minha cunhada me liga hoje, logo cedo, às gargalhadas. Me pergunta se eu já dei para o meu filho a caixa de lápis de cor alemã que era do meu irmão e que ele não usava. Ontem, passei na casa deles depois do trabalho para dar uma corujada no meu sobrinho bebê e comentei que havia sido chamada na escola pela coordenadora. Ela só fez elogiar o Mateus e disse que ele anda desenhando muito. Minha cunhada, então, me deu a caixa de lápis para eu levar prá ele. Eu quis saber o porquê da pergunta. E ela disse que meu irmão tinha guardado na caixa, debaixo dos lápis, umas fotos meio comprometedoras. E se pôs a rir de novo. É. Arte é assim mesmo. Descobertas escondidas sob o óbvio da primeira vista, rsrsrs.
Ah! O Mateus mexeu na caixa, todo feliz, por sinal, (obrigada, Adriana) mas não achou as fotos. Hoje tiro elas de lá.

Vão passear!

Hoje eu acordei cansada. Tem se tornado uma constante. Então hoje, porque vocês não vão passear?
Podem começar por aqui, dar uma passadinha aqui, uma paradinha, e depois, claro, não podem deixar de fazer uma visita prélas e prá ela também.
E fui.

6.10.05

Debaixo dos caracóis ou só prá descontrair

Faz um tempinho que escrevi este post e deixei guardado para um bad hair day. É Hoje!


Se você tem cabelos lisos feito a Cleópatra, pode pular este post. Eu não tenho. Fui abençoada com uma cabeleira farta e cheia de cachos. Que lindo, você vai dizer. É, às vezes é lindo. O problema é justamente esse: "O às vezes".
Cabelo crespo é uma entidade à parte, tenho certeza que tenho um lobo frontal paralelo ou um hipotálamo específico escondido em algum lugar que controla os humores do meu cabelo.
Alguns dias ele está espetacular e em outros, ai meu deus, parece um cruzamento de Reginaldo Rossi com Vanderley Cardoso. E não adianta tentar reproduzir passo a passo tudo o que você fez no dia espetacular, ele nunca vai ficar igual, principalmente no dia que você precisa, necessita, depende, de um cabelo decente.
Além disso, haja dinheiro! Porque cabelo crespo significa muitos shampoos, condicionadores, leave-ins, silicones, no-frizzes e toda a ajuda dos deuses e orixás que você puder invocar.
E quando está úmido que nem hoje, que alegria! Fica todo arrepiado como se tivéssemos enfiado o dedo no 220V.
Mas tenho que admitir, nos dias bons, puta que o pariu!. Nada mais bonito que cachos macios balançando ao menor movimento e convidando um afago.
Que chapinha, que nada! Pode pôr a mão que é absolutamente natural!

5.10.05

Só prá esclarecer

Acham que eu ando apaixonada. São os posts que eu andei escrevendo. Não, não, não. Longe disso. Bem ao contrário. Faz uns dois meses que eu não me apaixono. E é justamente nessas horas que eu preciso e gosto de lembrar que eu já estive. Como eu disse ontem prá ela, fiz pós graduação em Estocolmo, mestrado em Zurique, doutorado em Praga em crises conjugais. E após 18 anos ao lado desse cidadão, sei que a paixão volta, qualquer dia desses.
Costumo comparar a paixão com um lugar. Feito casa nova de praia. No começo a gente vai lá toda hora, cheeeia de empolgação. Depois o entusiasmo passa e as visitas vão rareando, rareando. Não é que você não goste mais da casa, não é isso. Só não sente a mesma necessidade de ir lá a toda hora.
E aí, de repente, meio sem explicação, a vontade volta e lá estamos, apaixonados de novo.
Comigo funciona assim.
E quando não estamos apaixonados, o quê fazer? Nada. Conviver com educação e gentileza, tentar controlar o mau humor (nosso, claro, que é o único sobre o qual temos ligeiro domínio).
E quando estiver impossível, usar a sabedoria de traseira de caminhão: MANTER DISTÂNCIA. Passa gente, posso garantir. Não vale vender a casa no primeiro tédio ou chuveiro queimado.
E um dia você acorda, olha pro lado e vê aquele homem lá dormindo, suspira e pensa: Ai, ai, acho que eu estou apaixonada...
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PS. Claro que eu estou subentendendo que há amor, afinidade, admiração. Senão, sou a primeira a gritar: Homem ao Mar!! Pula logo desse barco!
E escrevi esse treco aqui prá deixar bem claro que o meu casamento não é perfeito de maneira nenhuma. É. Simplesmente. Bom, péssimo, maravilhoso, mais ou menos. Como o de todo mundo.
E como diz a nossa amiga Luzia, vamos tocando o barco.

4.10.05

Total relief


Hoje parece que o cofre cheio de pedras que eu estava carregando há tempos foi retirado das minhas costas. Não sei quem é o infeliz que está com ele agora, mas tenho muita pena dele. As amostras de Alto Verão acabaram de chegar ontem no final da tarde e ficam ótimas, depois de muitas pedras no meio do caminho. A reunião de apresentação é hoje. Precisamos de MUITOS pedidos prá garantir o Natal das crianças na praia.
Enquanto eu estou aqui, minha sócia e cara metade está na fábrica no Rio para sacarrolhar a primeira entrada de inverno. Sei que ela tem três dias bem difíceis pela frente, mas os desenhos ficaram perfeitos - falta virarem realidade. Para coroar a sensação aspirina com cafeína, emprestei uma grana do meu irmão até o fim do mês. Brigada, mermão! Você me salvou! Saldo suficiente para as contas e luz no fim do túnel. Afe!
Ah! Esqueci de contar: temos, possuímos, cãotratamos, uma assistente! Até que enfim. Deus seja louvado!

Intimidade é uma merda?

Escutei outro dia uma pessoa falando para outra: Já conheço tudo a seu respeito, não tem mais mistério, então não tem mais graça. Intimidade é uma merda! (as pessoas em questão estavam brincando, mas o assunto é sério).
Será que os romances tem prazo de validade? E se tem, como é que a gente percebe quando começaram a feder, feito leite azedo?
E por que raios a gente acha que quando a excitação da paixão acaba, acabou tudo?
Porque na maioria das vezes, acabou mesmo. Porque tudo o que tínhamos era aquele banho de adrenalina viciante que quando passa, não deixa nada, só a ressaca.
Mas às vezes tem mais. Só que estamos tão mergulhados na síndrome de abstinência que não notamos e deixamos passar.
Nos dias de hoje, sinto uma dificuldade nas pessoas em passar dessa fase inicial, fase de gratificação instantânea, coração na boca, excitação total.
Muitos se admiram com a duração do meu casamento. Não é milagre não, gente. É amor, paciência, maturidade.
E afinal, que mal há na intimidade? Na rotina?
Se a rotina é boa, porque não?
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Deixei esse post guardado por um bom tempo. Por dois motivos: um, porque tinha um certo tom professoral que às vezes não consigo evitar e que acho um saco. Dois, porque sempre enxergo os dois lados das moedas e adoro fazer a devogada do demo. Tive uma amiga que dizia que temos sempre que manter a cerimônia. E que algumas intimidades não deveriam jamais ser divididas, que nos fazem perder o encantamento com o outro. E eu também acho isso. Ele não precisa saber tudo sobre você, precisa?
Portanto, acho que como tudo na vida, o bom é o caminho do meio (com umas escorregadelas, claro, porque ninguém é de ferro) e há a intimidade deliciosa e a intimidade desnecessária. Como saber o ponto? Sei lá. Vamos tateando, né?

3.10.05

Um dia, no dia dos namorados




Faz três anos, acho. Nessa época, eu e o Zé estávamos morando em cidades diferentes (o trabalho obrigou e o casamento agradeceu). Quando a gente se encontrava, estava cheio de saudades e não havia espaço, nem tempo, para brigar pelo tubo da pasta de dentes ou a toalha molhada na cama. Foi muito bom. Depois de treze anos de casados, voltamos a namorar.
No dia dos namorados, essa aqui, resolveu fazer uma coisa diferente. Comprei um desses milhares de pacotes que os hotéis inventam prá essa data. Era um hotel cinco estrelas, novo em folha, lá na Marginal Pinheiros. Uma coisa finérrima, de um chiquê só. Chegamos no final da tarde, check-in, quarto.
Gente, vocês tinham que estar lá. Lindo, lindo, lindo. Uma cama enorme, lençóis de algodão egípcio, edredom de plumas de ganso, menu de travesseiros (já viu isso?), menu de sabonetes, um luxo TOTAL. Tinha um janelão do teto ao chão, você não escutava nenhum barulhinho da cidade, só aquela vista fenomenal de São Paulo à noite, com lua cheia para completar (incrível como a noite é generosa com essa cidade, escondendo todos os seus defeitos). Dispensaria o clichê dos morangos e pétalas de rosa mas o champagne foi bem vindo.
Estamos lá, tentando aprender como mexer com as trezenas de possibilidades de iluminação (muderrrno, toda vida!), toca a campainha do quarto. É o jantar. Tudo de prata, cristal ou porcelana. Comida linda e deliciosa. Ai, meu deus, já tô gostando desse treco de ser rica! Estamos jantando e toca a campainha de novo: uma moça pergunta se eu já quero que ela prepare o meu banho. Agradeço, totalmente constrangida, mas peço prá ela voltar daqui a pouco. Continuamos a jantar e... toca a campainha de novo: agora são dois moços perguntando se já podem fazer a abertura da cama??? sem coragem prá mandar eles embora também, deixamos (tâmo curioso, né?). Os dois, cada um de um lado da cama, feito nado sincronizado, dobram o lençol, afofam os travesseiros, colocam uma garrafinha de água (EAU, fiiino) e um bombom em cada travesseiro. Agradecem e nós, damos uma gorjeta, né? Não é assim que se faz? Mas um tempinho e ... campainha de novo. Entre risos, deixamos entrar a moça do banho. Será que não vão deixar a gente em paz? Ela entra e vai para o banheiro. Daqui a pouco volta com uma bacia de prata prá eu experimentar a temperatura da água! Olha gente, há de se ter sido criado com a nobreza européia modelo Vestígios do Dia, para conseguir ser natural com essa quantidade de serviçais à sua volta. Tô até vendo a mesa de banquete com aquele monte de gente parada em volta e os convivas conversando e comendo como se eles não existissem. Não sei fazer isso não. Me faltam os anos de internato na Suiça com férias na Riviera francesa e a cara de pau.
Bom, finalmente ficamos sozinhos e vamos até o banheiro ver o que a moça aprontou. Ai, ai. Vocês já sabem que eu tenho um fraco por banheiros. O banho de espuma está lá preparado e o cheiro, vocês não tem noção! Ela usou sais de banho afrodisíacos (diz o folheto) de gengibre e sei lá mais o quê. O cheiro é maravilhoso. Tem velas acesas em lugares estratégicos e orquídeas na borda da banheira. Roupões muito macios e brancos. Afrodisíaca é essa beleza toda, pelo menos, prá mim. Gente, foi muito bom. Rimos muito e nos divertimos muito. Valeram os reais todos. No meio disso tudo ainda tem a história da calcinha que eu comprei na Galeria Ouro Fino, que supostamente, deveria brilhar no escuro com os dizeres: "Open 24 hours". Não brilhou, mas essa é outra história.

PS. A vista aí em cima é legítima, peguei a foto no site do hotel. Da cama a gente enxergava isso aí.