31.8.06

Filé de Linguado - R$ 24,00 o kg

E o Zé foi pescar. Uma semana, na divisa com a Bolívia. Já voltou, by the way.
Eu não entendo esse gosto por pescaria não, mas xá prá lá, que depois do Brokeback, esses assuntos nem se mencionam.
Não trouxe peixe porque eu não deixo. Não deixo ele trazer os troféus. Porque, sabe, o peixe vem inteiro com cabeça, rabo e todas as outras partes peixísticas e a pessoa esposa tem que limpar. E a pessoa esposa, nesse caso específico sou eu, que, sinceramente, tenha dó.
O supermercado ali na esquina vende. Peixe. Limpinho. Adoro peixe do supermercado.
Mas ele trouxe um poncho que eu estou vestindo agora, porque ontem ele deixou jogado aqui na sala e está um frio da muléstia nessa terra de sumpaulo.
Vestindo o poncho, tomando um cafezinho que acabei de passar, fumando e lendo os arquivos antigos dela.
Bliss.

30.8.06

A vida não é justa

Ai, você achava que era, desculpe.

Porque, veja você, o Artur. Você já sabe que ele é o dono da fábrica no Rio. de Janeiro.
E que ele é muito fino, muito chique, muito educado. Tá. Mas é maníaco depressivo, ciclotímico, bipolar. Total.
A pessoa acorda no meio da noite. E pensa. E tem idéias. Medo. Horror.
Todo dia de manhã ele liga e me pega (ou a Marcia) por uma hora no telefone para despejar a mais nova teoria econômica que explicará definitivamente a absoluta falta de vendas no varejo.
O clima explica, querido. O clima e a falta de numerário de toda a população.

Pois então. A pessoa delira de madrugada e tem brilhantescas idéias que vão resolver tudo. Os problemas do mundo. E liga, e muda tudo o que a gente tem para fazer todo santo dia.
Porque, entendam, cada dia ele quer atender um cliente diferente, com um produto diferente.
E toca a desenhar.
Ele acha que o escritório é uma padaria. Modelinho quente a cada duas horas.

Graças a deus, ele não é o meu patrão. Não é. Mas neste exato momento, quase TODO o faturamento do escritório vem da parceria com ESTA fábrica, DESTA pessoa.

Então, tá. Continuemos.
Estamos f*didas, vocês já sabem. Lembra do inverno que foi sem nunca ter sido e para piorar está sendo agora? Que as roupitchas DE VERÃO estão nas lojas?
Sem vendas. Sem faturamento. Sem comissão. SEM DINHEIRO.
Nós e a fábrica.
Então quando ele não tem idéias, ele liga para reclamar. Que está tendo que botar dinheiro do bolso, que não é um saco sem fundo, que ele vai fechar a fábrica e mudar prá Búzios. Hã hã.
Dia desses, a Marcia até chorou, de pena dele, tal a força da argumentação do ser humano.

Certo. A história tá longa mas acaba. Eu juro.

Ele está cansado. A pessoa Artur. A do saco que tem fundo. Então ele vai sair de férias amanhã.
Destino - Grécia. Descansar um pouco, sabe? Quinze dias em Mikonos e Santorini, uma passadinha em Creta e Atenas, que ninguém é de ferro.

A vida não é justa, não é não.

Alive and kicking

Ontem descobri que ela tinha voltado. Agora, aqui. Imperdível, como sempre.
E à noite tive um breve contato com ela.
Deve ser um sinal, eu disse.
Ela disse que se fosse sinal, coisa boa é que não era.
Claro que é. Entre vocês duas, salvei o meu dia.

29.8.06

O trem que chega é o mesmo trem da partida

Ontem comecei a treinar o Mateus prá voltar da escola de metrô. Essa semana toda, estou indo buscá-lo na escola (ele voltava com o transporte escolar) para voltarmos juntos. É uma sensação ambígua. Fico super preocupada mas ao mesmo tempo, muito orgulhosa dele. Porque foi ele, que decidiu ficar mais duas horas na escola todos os dias para estudar e fazer as lições de casa e que me pediu para voltar de metrô porque é bem mais rápido. Tá crescendo, meu filho. E tomando decisões equilibradas e responsáveis sozinho. E está todo feliz com essa nova independência.
Ver os filhos crescer é uma sensação estranha. E justo eu, que há uma semana atrás havia dito que ele era criança e ponto final. Pois é. A vida tem dessas de dar a volta e rir da sua cara.

E só para vocês saberem, já que torrei o saco alheio com a história do escritório perfeito, perdemos. Ontem o Fernando me ligou para me pedir desculpas pela última vez. O onipotente preferiu alugar pro cara da loja de baixo, que já é inquilino dele. Azar. Dele, claro. E como disse minha cunhada, que é diministradoura formada pela GV, ele está potencializando o risco. Um belo jeito de dizer que eu me f*di, o inquilino se deu bem e o próprio-otário, bem, esse, só o tempo dirá.

28.8.06

Break in


Vocês sabem que o escritório é nos fundos da casa da Marcia, construído especificamente para tal. Pois então. Com a venda da casa e a demolição se aproximando, a Marcia também teve que procurar outro lugar. E felizmente achou rápido. E mudou na terça feira. Portanto o escritório ficou sozinho lá até a nossa mudança que ainda não está marcada (vamos decidir amanhã para onde vamos) mas que deve ser dentro de uns dez dias.
Na noite de sexta para sábado, entraram lá. Nós só descobrimos no domingo de manhã quando a Marcia passou lá para ver umas coisas. Não tinham levado nada além do nosso decrépito aparelho de som que não estava nem funcionando (só funcionava o rádio). Acho que alguma coisa aconteceu e ele/eles tiveram que sair correndo e não deu tempo. Conversamos por telefone eu e a Marcia e tínhamos certeza de que eles iam voltar. Botamos correntes e cadeados em tudo - a Marcia inclusive fechou a janela do andar de baixo com sarrafos de madeira.
Eles voltaram. Quebraram vidros e passearam por tudo lá dentro mas por qualquer razão inexplicável também não tiveram tempo de levar nada. Estavam prontos para isso. Deu prá ver pela posição dos monitores que já estavam desligados e por uma mala que nós temos para carregar amostras que já estava sendo cheia das nossas coisas (acredite se quiser, a primeira coisa que eles colocaram dentro da mala foram umas amostras de um projeto que nós temos e está parado, de umas calcinhas ultra delicadas, de seda pura, bordadas à mão, lindas, lindas - tem bom gosto esses filhos da puta!).
O guarda da rua (sim, pagamos um, juntamente com os vizinhos) disse que não viu nada.
Nós temos sorte. Claro que temos. Neguinho entra lá duas vezes e não leva nada? Muita sorte.
Polícia, BO, etceteras e tales.
Carregamos tudo de valor que tinha lá para a casa nova da Marcia ontem. Hoje voltamos para encaixotar o resto. Vamos ficar acampadas lá ou aqui em casa até a mudança.
Nunca tinha me acontecido isso antes. É uma sensação horrível.

25.8.06

Tudo podre no Reino da Dinamarca

Como todo mundo, eu estou usando o gmail.
Agora há pouco, entrei na pasta Spam, que eu nunca sequer tinha olhado, para procurar um e-mail que eu estava esperando e talvez pudesse ter ido parar lá.
Medo.

Achamos!


Depois de mais um dia de buscas, achamos não um, mas três lugares possíveis e principalmente, pagáveis. Nada ainda do onipotente proprietário do melhor imóvel.
Então ficamos assim: vou providenciar a papelada para estes também (olha eu de novo na fila translumbrante do cartório para tirar certidão negativa do imóvel do fiador) e segurar tudo até o meio da semana que vem. Aí, decidimos. Com resposta do tiozinho, ou não. Que se não me quiser, modéstia muito à parte, vai perder a melhor inquilina.

E como eu fiz promessa para Santo Expedito (na hora do desespero vale tudo) lá vai:

Agradeço a Santo Expedito pela graça alcançada.
E o resto da promessa pagamos na semana que vem.

24.8.06

Larga d'eu!

De vez em quando alguém me diz que eu paparico muito meu filho. Que trato ele feito criancinha. Tem cabimento? Ele é criança! Quase doze anos é criança e ponto final! Acho que vou continuar achando o mesmo quando ele tiver quarenta e dois mas esse é outro assunto.
Só sei que se eu quisesse somente educar bem, sem carinhos, beijos e abraços eu teria decidido ser governanta ou babá inglesa.
Sou mãe.

23.8.06

Socorro!

Tudo na minha vida atualmente gira em torno da busca insana de um imóvel para o escritório. Parece que estou vivendo no intervalo das visitas a casas em ruínas e prédios comerciais cheios de salinhas, cheias de advogados e contadores, que mais parecem prisões. Tudo horrível, horroroso, medonho, cinza. E o pior não é isso. O pior é que nós achamos o lugar perfeito. Mas não é tão simples assim. O lugar perfeito tem um dono nada perfeito.
Estamos esperando há QUATRO semanas e NADA. O advogado do proprietário (sim, porque este, não quer nenhum contato de primeiro, segundo ou terceiro grau com o inquilino) já examinou, re-examinou, tre-examinou a papelada e me disse que eu sou a candidata ideal (cheguei quase a perguntar se ele não veria ver meu último papanicolau, tantos os papéis). Mas não sou a única. Tem mais dois interessados. E todos, esperando uma decisão do excelentíssimo senhor soberano supremo onipotente proprietário do local, um senhorzinho de 83 anos que mora num sítio e segundo o advogado é o ser humano mais sistemático do mundo e não tem pressa NENHUMA. Ele está tetra-examinando os papéis à busca dos pelos nos ovos e escolhendo o inquilino. Que pode ser qualquer um de nós, dada a arbitrariedade dos critérios.
Ligo duas vezes por semana para o Dr. Fernando (já estou ficando íntima, chamo de Fernando) para ele me pedir desculpas e dizer que acha, espera, acredita que dentro de três ou quatro dias o fulano já vai ter se decidido. E nada, nada, NADA. Estou a ponto de surtar de vez.

E vou dizer mais: além de tudo o preço está fora de mercado. Para baixo. Ou seja, nós podemos pagar. Porque um lugar feito esse, com essa localização, custa o dobro. E apesar de continuarmos procurando TODO SANTO DIA, ainda não encontramos mais NENHUM lugar com as características que precisamos e com um valor que possamos pagar.
E isso é um desabafo. Me desculpem.

22.8.06

Errata

Na verdade, revi um pedaço da entrevista agora. Os quatro signos mal-vistos são: Câncer, Escorpião, Virgem e Capricórnio. Monix, você está salva! Agora, eu e você, Amber, continuamos na lista.

21.8.06

Gosto não se discute

Eu sei. Faz tempo que eu não venho aqui. Isso aqui virou um diarinho chato.
Ontem assisti um pedaço da entrevista da Marília Gabriela com a astróloga não-me-lembro-o-nome.
Ela disse que quatro signos são mal-vistos e que a maioria das pessoas que são desses signos não gostam.
Câncer, Escorpião, Touro e Capricórnio.
Eu sou Câncer com ascendente em Touro. O Zé é Capricórnio; o Mateus, Escorpião.
Putz.
E gosto.

9.8.06

Notícias do front

Depois de três dias na vitrine (é exatamente assim que a gente se sente dentro de um stand todo iluminado), o que sobrou de mim escreve aqui. Estamos exaustas. E felizes. Já podemos dizer que Babydoll começa a engatinhar com o pé direito.

6.8.06

É Hoje!!!

A feira começa hoje à tarde.
E como diz a minha amiga Luzia, a super exposição da figura também.
Vamos passar os próximos três dias lá, sendo e tendo nossos produtos avaliados pelo mercado.
A ansiedade já bateu no teto faz tempo.
Oscilamos entre o pavor e a confiança abusada.
Ai, meu jisuis, que medo!

3.8.06

Só eu e a mãe do Braga

O Mateus deu um pulo de 4 metros de altura e distendeu os músculos das coxas, barriga e costas. Em resumo, está todo dolorido e quase não consegue andar. Coisa de moleque. Ontem me ligou todo choroso e eu vim mais cedo prá casa para cuidar dele. À noitinha, dei banho nele, passei uma pomada anti-inflamatória, botei na cama quentinha e fiz um sanduíche e um leite para comer na cama. E ele gemendo e reclamando da dor, gemendo e reclamando da dor.
Então eu disse:

"Poxa, Mateus, tá doendo mas vai passar, pensa naquelas pessoas que tem doenças que duram a vida toda ou nas pessoas que ficam doentes mas não tem um chuveiro e uma cama quentinhas."
"Verdade, né, mãe. Muito pouca gente no mundo tem isso. Quantos por cento?"
"No mundo, não sei, mas no Brasil, pessoas que vivem como a gente devem ser uns 5%.
Agora, que tem uma mãe que dá banhinho, faz massagem, põe na caminha um menino desse tamanho devem ser uns 0,3% mais ou menos."
Ele riu e disse:
"Mãe, a mãe do Braga também tá nessa"